Em meio a divergências na cúpula da equipe de transição, o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, 27, que todos fazem parte de um time e têm que “jogar a bola para frente”. “Eu também vou conversar com o Parlamento, todo mundo vai”, disse.
Bolsonaro informou que o ministro extraordinário da transição, Onyx Lorenzoni, anunciado para a Casa Civil, continuará com a missão de comandar a interlocução com o Congresso, mas destacou que o general Santos Cruz, que ficará na Secretaria-Geral, também terá responsabilidades na área.
O anúncio de que Santos Cruz ficará à frente da pasta responsável pela negociação com o Congresso provocou mal-estar porque, na prática, esvazia os poderes de Onyx. O futuro ministro da Casa Civil, por sua vez, chegou a afirmar em pelo menos duas ocasiões que a Secretaria Geral seria extinta e ele acumularia a função. “Não podemos sobrecarregar demais uma pessoa no ministério”, justificou Bolsonaro.
Além disso, também foi questionada a habilidade de Santos Cruz para dialogar com os congressistas. “Santos Cruz é uma pessoa que vai surpreender no trato com os parlamentares (…) Santos Cruz sabe como funciona o parlamento”, defendeu o presidente eleito. Ele voltou a destacar que o diálogo do seu governo com o Legislativo será por meio das bancadas, entre elas a bancada evangélica, e não através dos partidos.
Bolsonaro ainda não soube esclarecer alguns pontos de divergência em sua equipe, como com quem ficará a Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (SPPI), atualmente na Secretaria-Geral.
Indicações
Ele também admitiu que sua equipe considerava ter um número menor de ministérios, cerca de 15 no total, mas que isso não será possível. Assegurou, no entanto, que o número não passará de 20 pastas.
Hoje, Bolsonaro anunciou o nome de Tarcísio Gomes de Freitas para comandar o Ministério da Infraestrutura.
O presidente eleito antecipou que deve anunciar amanhã o ministro responsável pelo Meio Ambiente, e que não será um militar. “O Meio Ambiente, apesar de eu ser verde, não vai ser um militar.”
Outras escolhas, como o comando do Ministério de Minas e Energia, estão menos avançadas e podem demorar mais uma semana, segundo ele. “O casamento pode ser adiado”, brincou.
Bolsonaro também garantiu que haverá um ministério para a área social, mas não deu detalhes. “Vai ter um ministério que vai envolver tudo isso aí; mulher, igualdade racial.”
Ele também disse que pretende ter um porta-voz, que já sondou uma pessoa, mas ainda “não recebeu o sinal verde para anunciá-la”. Questionado sobre o nome da senadora Ana Amélia (PP), respondeu que ela é uma “excelente pessoa” e “se possível” será convidada para o futuro governo.