Em entrevista publicada pelo portal do jornal americano The Washington Post nesta quinta-feira, 24, o presidente Jair Bolsonaro deixou em aberto a possibilidade de concorrer à reeleição nas eleições de 2022. Questionado pela repórter se ele já havia decidido que não iria concorrer ao pleito, o presidente responde que a decisão ainda não foi tomada, traduzida na entrevista original pela expressão “the jury is still out”.
A repórter do jornal americano ainda rebate o presidente, afirmando que ele acabou de tomar posse. Bolsonaro responde que acredita que deve liderar o País como um exemplo a ser seguido. A discussão refere-se a possível aprovação da reforma da Previdência e de demais propostas, classificadas como “impopulares” por Bolsonaro, o que, segundo ele, seria uma prerrogativa para que não houvesse sua reeleição.
Entretanto, ainda antes do fim das eleições, no dia 20 de outubro, Bolsonaro defendeu o fim da reeleição em entrevista à imprensa no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro. “Da minha parte, vou conversar com o Parlamento com vistas a uma reforma. Acabar com o instituto da reeleição e reduzir de 15% a 20% a quantidade de parlamentares”, disse o militar.
Também antes do segundo turno das eleições, em vídeo publicado nas redes sociais do próprio presidente mostrando os bastidores de uma entrevista à TV Bandeirantes, Bolsonaro novamente comenta sobre a aprovação de uma possível reforma política no Congresso defendendo o fim da reeleição. “Eu botaria na balança o fim do instituto da reeleição. É a reforma política que você pode propor ao parlamento”, afirmou. No título da publicação no seu canal no Youtube, com nove minutos de duração, segue o destaque para os tópicos “Fim da reeleição, novo atentado e muito mais”.
Em dezembro, durante o período de transição, o presidente eleito Jair Bolsonaro voltou a defender em reunião com a bancada do DEM o fim da reeleição para cargos no poder executivo. Segundo os relatos de parlamentares presentes à reunião, Bolsonaro citou o tema ao defender a necessidade de uma reforma política e disse apoiar o fim da reeleição justamente para demonstrar que não tem um projeto de poder pessoal.
Em dois posts no Twitter, um de maio de 2018 e outro de março de 2016, Bolsonaro critica aprovação da PEC da reeleição, proposta pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso em 1997, que garantiu a mudança de mandato presidencial de cinco para quatro anos e a possibilidade de uma reeleição. Bolsonaro cita delação de Delcídio do Amaral, que segundo o presidente, afirmou que os votos de parlamentares para aprovação foram comprados. Bolsonaro, então deputado federal na época, posta em 2018 que “Um dos votos que mais me orgulha foi o contra a reeleição de FHC. Não aceitei a propina do seu partido PSDB”.