Boatos de uma onda de demissões na Prefeitura de Curitiba movimentaram os meios políticos ontem à tarde, provocando uma série de especulações. Eles foram motivados por reuniões individuais convocadas pelo prefeito Cassio Taniguchi (PFL) com membros de sua equipe desde o início da manhã. No final da tarde, a assessoria do prefeito distribuiu nota explicando que as reuniões serviram “para conversar sobre suas respectivas opções frente às candidaturas para as eleições deste ano”.
A nota segue argumentando que o prefeito “exerce seu legítimo direito de optar pela candidatura própria do seu partido, o PFL, uma vez que a coligação com o PSDB mostrou-se, neste momento, sem sucesso”, e que ele “não impõe aos seus secretários nenhum dos candidatos. Os integrantes da equipe do prefeito têm total liberdade para optar por uma ou outra candidatura”. As especulações colocaram na berlinda os nomes dos secretários de Governo, Fernão Accioly (PFL), de Obras, Nelson Leal (PSDB), de Saúde, Michele Caputo Neto (PSB), de Educação, Paulo Schimidt (PFL), e do Meio Ambiente, Mário Sérgio Rasera, além do chefe de gabinete, Luiz Malucelli Neto (PSDB), todos simpatizantes da dobradinha Beto Richa/Luciano Ducci à Prefeitura da capital nas eleições de outubro.
Consulta
A nota distribuída pela Prefeitura diz que “em respeito à diversidade de opiniões, o prefeito decidiu consultar seus secretários aberta e democraticamente, dando oportunidade, aos que se sentirem desconfortáveis frente à candidatura própria do PFL, de exercerem o legítimo direito ao afastamento do cargo.
“O prefeito está convicto de que sua atitude franca contribui para preservar as relações políticas com o grupo que neste momento segue a candidatura do PSDB. O respeito às posições de todos favorecerá uma futura aproximação, visando a coligação no segundo turno da campanha.
“O objetivo maior é preservar a administração municipal de eventuais embates políticos que venham a prejudicar o desempenho da equipe, o que afetaria diretamente a cidade e os cidadãos”.
E reforça a determinação de Taniguchi de evitar o uso da estrutura da Prefeitura em favor desta ou daquela candidatura: “O foco desta administração foi desde o seu início e continuará sendo até o seu último dia, a qualidade de atendimento e dos serviços prestados aos cidadãos. Uma eventual reformulação na equipe de secretários municipais, resultante de todo este processo, será anunciada, assim que for concretizada”.
Expectativa
Apesar do tom conciliador da nota oficial, permanece a expectativa de mudanças no primeiro escalão municipal em curtíssimo espaço de tempo. Incorporado à campanha de Beto Richa, o chefe de gabinete Luiz Malucelli Neto teria apresentado seu pedido de demissão na quarta-feira passada e reapresentado ontem.
Beto Richa aumenta polêmica
Durante a tarde, enquanto o prefeito Cássio Taniguchi mantinha reuniões individuais com seu secretários, o vice-prefeito Beto Richa (PSDB) dava entrevista a uma rádio de Curitiba afirmando que a possível demissão de pessoas simpáticas à sua candidatura seria uma clara demonstração de que ele não é o candidato oficial: “Sou candidato da cidade de Curitiba, sem acordos, sem conchavos e sem instâncias de poder”.
Oposição aos governos federal e estadual, ele estaria, desta forma, também em oposição ao governo municipal. Para Richa, as recentes declarações de apoio de Taniguchi têm um alcance muito menor do que o que foi atribuído a princípio: “O prefeito se referiu a um pacto de não-agressão durante a campanha. Apenas isso”.