Um grande bloco de centro deverá tornar-se a principal força do Congresso no novo governo da presidente Dilma Rousseff. Esse bloco deverá ser liderado pelo PMDB, que passará a exigir maior espaço em seu segundo mandato.
O partido quer uma fatia maior do poder, não só na Esplanada dos Ministérios, onde tem cinco ministérios, mas também no conselho político da presidente reeleita. É certo que a presidente Dilma Rousseff terá de abrir mais canais de contato com o Legislativo do que teve no primeiro mandato.
O bloco pretende forçar a negociação de todos os projetos que o Executivo enviar ao Congresso, sem aprová-los “de olhos fechados” como ocorria até agora, na visão do vice-líder do PMDB, deputado Lúcio Vieira Lima (BA). “O ponto de equilíbrio será a negociação. Não dá para governar sem conversar. O Congresso é a casa do diálogo. A democracia está mais madura”, disse Vieira Lima. “O Congresso hoje é mais maduro do que nos anos em que o PT era oposição. Por isso, vai negociar, sem radicalismos.”
Para o vice-líder do PMDB, o País vai passar por momentos difíceis no ano que vem. E por isso todo mundo tem que ter a cabeça no lugar. “Não podemos agir com radicalismo, porque só prejudicará o País, tanto na política quanto na economia.” Ele disse saber que as denúncias sobre corrupção na Petrobras vão atingir o Congresso. “O que é mais uma razão para ter maturidade. Temos de criar um novo Brasil, sem implicar em instintos destrutivos.”
O conjunto de forças de centro que os partidos pretendem montar poderá tornar-se um movimento igual ao Centrão, grupo que durante a Constituinte de 1987/88 passou a dar as cartas na assembleia depois de forçar a mudança no regimento interno e impedir, por exemplo, a aprovação de propostas como a de uma reforma agrária mais ousada e radical.
O Centrão serviu também para a reestruturação partidária que haveria durante os trabalhos da Constituinte – como o nascimento do PSDB a partir de uma dissidência no PMDB – e depois da promulgação da Constituição. A movimentação partidária proposta para o ano que vem, no novo governo da presidente Dilma Rousseff, também leva a esse caminho.
O PSB, o PPS e o PHS falam em fusão. O PSDB e o DEM já iniciaram as primeiras conversas para se transformar num partido único. O presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), disse que a vitória de Dilma Rousseff levará o Congresso a fazer um movimento para se fortalecer. “A vantagem do Aécio é que ele é conciliador. Procuraria agregar as diversas correntes em torno de si. O PT é por natureza desagregador”, disse ele.
O cientista político Antonio Augusto de Queiroz, coordenador do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), acredita que as movimentações no novo Congresso ante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff significarão a necessidade que os partidos têm de se fortalecer diante do Executivo.
A aposta de todos os partidos é a de que a presidente Dilma Rousseff terá de abrir um canal de diálogo diretamente com os parlamentares. Sua base de apoio no Congresso tem 304 deputados e 40 senadores, número insuficiente para aprovar uma emenda constitucional, principalmente as polêmicas, como algumas das reformas política que a presidente anunciou que vai propor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.