A coordenação nacional da campanha de Geraldo Alckmin à presidência da República formalizou ontem a indicação do prefeito de Curitiba, Beto Richa, para comandar o palanque do tucano no Paraná. Beto vai coordenar um grupo formado por representantes da coligação PFL-PPS, do PMDB e do PP, que embora esteja coligado ao PDT, prometeu ao PSDB que apoiaria Alckmin no Paraná.
Beto anunciou ontem que pensa em se licenciar da prefeitura para cuidar da campanha de Alckmin, até outubro, se avaliar que é necessário dedicar mais tempo ao trabalho. Ele justificou que precisa ter liberdade para visitar o estado e também não quer confundir suas ações administrativas com sua militância política. "Vamos tomar todos os cuidados para não haver qualquer tipo de prejuízo para a ação administrativa", adianta o prefeito.
Conforme a assessoria do prefeito, ele foi escolhido porque tem perfil conciliador. Esse traço suscita um interesse especial dos tucanos em Brasília, que estão preocupados com as desavenças entre as lideranças do partido no Paraná. Como o comando nacional da campanha não discrimina apoios, precisa de alguém que ainda não tenha se atritado com os dois lados e que também tenha trânsito no PMDB.
Em declaração divulgada pela assessoria de Beto Richa, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati teria justificado assim a indicação do alcaide: "O prefeito Beto Richa tem um estilo conciliador, que será muito importante para ampliar a aliança de apoio ao nosso candidato a presidente no Paraná".
A indicação de Beto foi discutida em reunião com o candidato e o coordenador nacional da campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE, em Brasília, no início da semana. O prefeito disse que ficou "muito honrado com esta definição" e que vai começar a trabalhar para estruturar a campanha no Paraná, que sofreu uma interrupção devido aos desacertos entre as alas pró e contra a aliança com o PMDB. Alckmin havia marcado uma visita a Curitiba para hoje, mas cancelou devido ao descompasso local do partido.
Plano de trabalho
Beto disse que vai reunir o PSDB e os demais partidos que apóiam formal ou informalmente o candidato a presidente e traçar um plano de trabalho. "O Alckmin tem uma receptividade muito boa no Paraná e uma base sólida para vencer a disputa eleitoral."
Segundo Richa, a intenção é consolidar uma ampla aliança em favor de Alckmin, com a participação de todas as forças políticas que desejam a vitória do candidato do PSDB nas eleições presidenciais. "A coordenação da campanha não será um espaço apenas do PSDB, mas de todos os representantes dos partidos que apóiam o nosso candidato, como o PFL, o PPS e segmentos importantes do PMDB", afirmou o prefeito.
Se Beto se afastar do cargo, o vice-prefeito Luciano Ducci assume a prefeitura. Ducci integra a ala favorável à aliança com o PMDB e foi convidado para integrar o comando da campanha do governador Roberto Requião à reeleição. Ele ainda não respondeu oficialmente ao convite, embora já tenha se encontrado com o governador.
Ontem, a assessoria de Beto informou que se decidir deixar a prefeitura, o prefeito deverá fazê-lo apenas mais tarde. Por enquanto, a avaliação é que ele poderá compatibilizar as duas tarefas, programando suas viagens ao interior aos finais da semana, sem necessidade de deixar seus afazeres administrativos.