O prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB) fez críticas ao governador Roberto Requião (PMDB), ao secretário de segurança pública Luiz Fernando Delazari e ao deputado estadual Fábio Camargo (PTB) a respeito das denúncias de caixa 2 e compra de apoio envolvendo os ex-candidatos a vereador dissidentes do PRTB nas eleições do ano passado. Beto, que ainda não concedeu entrevistas sobre o caso à imprensa escrita, participou de um “debate” na rádio Banda B.
Sem ser questionado sobre, por exemplo, a origem dos recursos distribuídos no Comitê Lealdade, dos dissidentes do PRTB, ou sobre o envolvimento que sua equipe tinha com esses apoiadores durante o período eleitoral, o prefeito respondeu a perguntas como por que ele se considerava vítima de armação, ou quem ele acredita estar envolvido nas denúncias contra ele.
Indagado sobre se estava chateado com a política devido aos últimos acontecimentos, Beto respondeu que “a política não chateia, o que chateia são os métodos que alguns adotam para praticá-la. Esse grupo já faz isso há algumas eleições, mas graças a Deus, já está com os dias contados”, referindo-se ao grupo político do governador Requião.
“Mas esses ataques não vão me atingir, pois aqui não tem um governante destemperado, autoritário, todos sabem de quem estamos falando, que maltrata as pessoas, aqui é um governo democrático, que ouve a população”, disse, referindo-se novamente a Requião.
Na entrevista, que foi ao ar ontem, Beto disse que “está claro o envolvimento de membros do governo do estado nesta armação. Armação grosseira e muito mal feita”. Ele lembrou que o autor da denúncia (Rodrigo Oriente) citou que pessoas ligadas a Requião o estavam pressionando para fazer a delação, como o caso do secretário Delazari.
“Enquanto isso todo o povo paranaense está assustado com a violência no Estado, com o crescimento do tráfico de drogas e a perda de nossas crianças para o crack. Mas é que o secretário está preocupado com isso (denúncias) e não tem tempo para cuidar da segurança do Estado.”
Sobre Fábio Camargo, candidato do PTB à prefeitura nas eleições passadas, que se julga prejudicado com a desistência dos candidatos do PRTB, com quem estava coligado, e disparou contra Beto na tribuna da Assembleia, Beto disse que “ele teve 0,5% dos votos, não conseguia se eleger nem vereador. E agora tenta desconstruir nossa vitória. Não vou perder tempo com ele que quer polemizar comigo, estou em outro patamar e a população curitibana o conhece, por isso teve essa votação”, comentou. “Quem me acusa (de caixa 2) não colocou na sua prestação de contas nem os gastos com o programa de TV”, lembrou.
Sobre as acusações, Beto disse que jamais seria capaz de usar artifícios ilegais, lembrou que nunca teve menos de 70% das intenções de voto durante a campanha e, portanto, não precisaria apelar. Comentou que “nem na Barra do Jacaré um candidato abriria mão da candidatura por 800 reais, imagina em Curitiba”, e disse que fez o que tinha de ser feito, demitiu todos os envolvidos. “Agora é aguardar com tranquilidade a conclusão da Justiça. Não tenho mais que me preocupar com isso.”
Oposição quer reunir 100 mil assinaturas em reclamação popular
Partidos de oposição ao prefeito Beto Richa foram mais uma vez às ruas pedir rigor nas investigações sobre o caso dos candidatos dissidentes do PRTB. Liderados pelo PMDB, os oposicionistas fizeram, na Boca Maldita, centro da capital paranaense, um “desfile de fantasmas”, colheram assinaturas para uma reclamação popular pedindo providências e exibiram os vídeos que originaram as denúncias.
A novidade foi a exibição de um trecho do vídeo da inauguração do Comitê Lealdade que ainda não tinha sido divulgado. Nele, o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB) diz aos cand,idatos desistentes que a lealdade ao prefeito seria recompensada posteriormente.
“Eu quero garantir para vocês que esse grupo vai ter uma participação expressiva no plano de governo e na gestão do prefeito Beto Richa”, diz Fruet em um trecho do vídeo. “Vamos garantir espaço para esse grupo, quer seja nas secretarias, quer seja na gestão”, diz.
O presidente municipal do PMDB, Doático Santos, quer reunir mais de 100 mil assinaturas na reclamação popular para ser enviada à 1.ª Zona Eleitoral de Curitiba e anexada ao pedido de cassação do prefeito, protocolado pelos partidos de oposição.
“Já na campanha denunciamos que essa aliança de 11 partidos em torno do prefeito tinha outros interesses além do político. Esse caso prova que houve compra de apoios na eleição do ano passado”, disse. “Agora é o momento da pressão popular. Agora temos que mostrar que a população quer o caso esclarecido”, acrescentou.