Beto renuncia e duas alas disputam comando tucano

Apesar da aparência de normalidade, o PSDB oficializou o clima de disputa interna durante a reunião da executiva estadual, ontem pela manhã, quando o prefeito de Curitiba, Beto Richa, renunciou à presidência estadual do partido. O afastamento de Beto, cuja justificativa foi a falta de tempo para administrar simultaneamente Curitiba e o PSDB estadual, obriga à convocação de uma eleição para escolher um novo presidente, que ficará no comando da sigla até agosto, quando serão realizadas as convenções.

O deputado estadual Valdir Rossoni já foi lançado candidato ontem mesmo e o senador Álvaro Dias, apesar de não ter formalizado suas intenções, também trabalha para ser o novo presidente. Álvaro e Rossoni sabem que a conquista da presidência provisória é um passo decisivo para vencer a convenção de agosto e assumir a condução de todo o processo para a escolha do candidato ao governo na sucessão estadual do próximo ano. A eleição do presidente para o mandato-tampão será coordenada pelo deputado estadual Hermas Brandão, que na condição de vice-presidente estadual do partido, assumiu interinamente a presidência até que a executiva se reúna para eleger o sucessor de Beto Richa.

Brandão disse que está consultando a executiva nacional e o estatuto do partido para saber como deve ser feita a eleição. Segundo Brandão, o estatuto traz regras conflitantes, mas sua intenção é realizar a eleição até o final do mês.

Rossoni disse que já tem o apoio de todos os oito deputados estaduais do partido e está esperando que Álvaro se junte aos demais e abdique da candidatura. O deputado tucano teve ontem uma primeira conversa com o senador para pedir apoio. "Não logrei êxito, no momento, mas ainda tenho esperanças", disse Rossoni, depois de sentir a resistência do senador. O grupo de Rossoni avalia que tem mais de 70% dos votos dos 45 integrantes da executiva.

Brandão, que não assumiu o partido, também alegando falta de tempo – se Beto se licenciasse, o deputado tucano seria o sucessor natural – está apostando num consenso entre as duas alas. Rossoni representa o grupo que quer evitar a volta de Àlvaro ao comando do partido e pretende atrair o senador Osmar Dias para a sigla, tranformando-o no candidato do partido ao governo.

Na reunião de ontem da executiva, segundo relato dos participantes, o senador Álvaro Dias disse que não será obstáculo à entrada de qualquer pessoa no PSDB. Na avaliação dos tucanos, a posição de Álvaro é uma demonstração de sabedoria. Um conflito entre os irmãos por causa da candidatura ao governo seria desastroso e desgastante para os dois senadores, analisam os deputados tucanos.

O deputado federal Luiz Carlos Hauly, o mais antigo aliado de Álvaro no partido, disse ontem que acredita no entendimento para a eleição do novo presidente. Hauly informou que nos próximos dias será realizada uma reunião entre Álvaro, Brandão e Beto Richa, com a participação dele e do deputado federal Affonso Camargo para tentar chegar a um consenso.

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