Suspense

Beto não confirma presença na “escolinha”

O prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), está avaliando a possibilidade de desmarcar alguns compromissos para comparecer na Escola de Governo na semana que vem.

O convite partiu do chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, em nome do governador Roberto Requião (PMDB). Na “escolinha” da próxima terça-feira, haverá a sanção da lei que anistia dívidas de alguns municípios, entre eles Curitiba.

O prefeito de Curitiba não foi o único a ser chamado para participar da solenidade. O convite foi feito aos prefeitos de todas as cidades que tiveram suas dívidas perdoadas.

Além de Curitiba, foram beneficiados os municípios Araucária, São José dos Pinhais, Campo Largo, Fazenda Rio Grande e Piên. Os débitos correspondem a empréstimos feitos pelas prefeituras para atrair empresas, algumas multinacionais.

A dívida foi utilizada por Requião, em outubro de 2006, como justificativa para a suspensão de repasses de recursos para Curitiba por meio do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FDU), mantido pelo governo do Estado.

Naquela época, pouco antes do bloqueio dos recursos, Beto declarou apoio ao senador Osmar Dias (PDT) nas eleições para o governo do Estado, vencidas por Requião. Desde então, o prefeito e o governador estavam com relações rompidas e trocaram farpas por muito tempo.

A anistia veio há dois meses. Requião enviou projeto à Assembleia Legislativa propondo o perdão de dívidas das companhias municipais de desenvolvimento de seis municípios da Região Metropolitana de Curitiba com o Fundo de Desenvolvimento do Estado. O débito de Curitiba era o maior.

A capital estava devendo mais de R$ 400 milhões, referentes à implantação da Cidade Industrial de Curitiba. Com a “ficha limpa”, Beto conseguiu recentemente a autorização da Câmara Municipal de Curitiba para solicitar um empréstimo de R$ 58 milhões na Agência de Fomento do Paraná.

O dinheiro poderá ser utilizado na implantação do Laboratório Municipal de Análises Clínicas; na revitalização da Avenida Marechal Floriano Peixoto e da Rua Anne Frank; na construção do Anel Viário I; e na construção de um Clube da Gente e de Centros da Juventude.

Beto Richa afirmou ontem, após encontro com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que neste final de ano a agenda de compromissos fica sobrecarregada. “Estou avaliando a possibilidade de desmarcar alguns compromissos. Se isto não for possível, o vice-prefeito Luciano Ducci (PSB) deve comparecer, como já aconteceu em outras ocasiões. A minha obrigação é defender os interesses da cidade, sem deixar que divergências político-partidárias sobressaiam”, comentou.

Logo após a anúncio da anistia da dívida, o prefeito disse que não via o ato como uma tentativa de reaproximação do governador visando as eleições do ano que vem. “Se ele tem alguma outra intenção, eu não sei. Só sei que, como prefeito, considero muito positiva a possibilidade de novos investimentos na cidade”.

Governador repele tom político do convite

Elizabete Castro

O convite ao prefeito Beto Richa (PSDB) para ir à Escola de Governo, na próxima terça-feira, 22, pode não ter o efeito desejado pelos grupos que tentam reaproximá-lo do governador Roberto Requião (PMDB) com vistas à uma composição para as eleições de 2010.

Requião ficou contrariado com a forma como o prefeito reagiu diante do chamado para ir à “escolinha”. De acordo com assessores próximos ao governador, ele se irritou porque o prefeito de Curitiba se comportou como se o convite fosse “político” e dirigido especialmente a ele, quando se tratou apenas de um “convite protocolar”.

Ao afirmar que estava com a agenda repleta de ,compromissos, Beto irritou Requião que, segundo seus assessores, achou que o prefeito de Curitiba está faturando politicamente o convite.

A assessoria do governador afirmou que foram convidados todos os prefeitos dos seis municípios que tiveram perdoadas suas dívidas com o Fundo de Desenvolvimento Urbano (FDU), vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Requião vai sancionar a lei aprovada pela Assembleia Legislativa que autorizou o governo a dar a anistia aos municípios.

O “mal-entendido” teria começado com o chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, que teria perguntado a Requião se deveria chamar todos os prefeitos, incluindo o de Curitiba.

O governador teria somente assentido já que Curitiba é uma das cidades beneficiadas. O chefe da Casa Civil é que teria edulcorado a posição de Requião no telefonema que deu ao prefeito para informar sobre a solenidade da próxima terça-feira.

Desconforto

Enquanto alguns setores do PMDB trabalham às claras para fechar uma aliança de apoio à candidatura do PSDB em 2010, o grupo mais próximo ao governador faz o movimento contrário, posicionando-se a cada momento em defesa de uma candidatura própria do PMDB ao governo ou até mesmo defendendo a repetição da coligação com o PT.

Requião tem feito manifestações públicas de apoio à candidatura do vice-governador Orlando Pessuti à sua sucessão. Mas, em alguns momentos, seu apoio a Pessuti é questionado, já que os deputados que articulam para compor com o PSDB são muito próximos ao governador.

E já chegaram até mesmo a esboçar uma proposta concreta de apoio ao prefeito de Curitiba e que incluiria a exclusividade da vaga de candidato ao Senado para Requião.

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