Em sua primeira entrevista como governador eleito, Beto Richa (PSDB) disse que “fechar as torneiras” do Estado terá que ser sua ação inicial no comando no Estado.
Ele disse que antes de começar a pensar nos projetos para educação, saúde e segurança, terá que “colocar a casa em ordem”. Na entrevista, o novo governador também comentou o resultado, a polêmica das pesquisas, a relação com os três senadores que representarão o Paraná e prometeu dedicação total à campanha de José Serra (PSDB) no segundo turno das eleições presidenciais.
“Temos a saúde pública preocupante e a segurança caótica. Precisamos aumentar o efetivo policial, contratar médicos, equipamentos para hospitais regionais e vamos levar boas práticas da prefeitura de Curitiba. Mas primeiro precisamos melhorar o gasto público, fechar as torneiras do desperdício, dar um choque de gestão e enxugar a máquina administrativa, para que tenha o tamanho do Paraná que queremos fazer”, disse Beto, adiantando que irá implantar no governo do Estado os contratos de gestão com os secretários, da mesma forma que fez quando prefeito em Curitiba. “Secretário que não cumprir as metas, está fora”, disse ele.
O futuro governador disse que já teve um primeiro contato com o governador Orlando Pessuti (PMDB) e que os dois já estão montando suas equipes de transição e prometeu uma “relação de respeito com a Assembleia Legislativa, reconhecendo a independência desse poder”.
Sobre o fato de terem sido eleitos dois senadores da coligação adversária (Gleisi Hoffmann, do PT e o ex-governador Roberto Requião, do PMDB), Beto disse que espera diálogo, mas disse que não vai rastejar pelo apoio dos senadores paranaenses.
“Vou fazer um governo democrático e todos que querem o bem do Paraná serão bem vindos. Agora, se não quiserem ajudar, eu não vou forçar ninguém, não tem problema. Temos ligações estreitas com parlamentares de outros estados que podem ajudar o Paraná. Mas convidarei o Requião e a Gleisi para nos ajudar. E eu consegui isso como prefeito”, disse ele.
Já quando a pergunta foi sobre o outro senador paranaense, Alvaro Dias (PSDB), irmão de Osmar Dias e que durante a campanha eleitoral declarou apoio ao pedetista e desferiu críticas a Beto na reta final de campanha, o governador eleito respondeu: “Boa pergunta”.
E, após parar para pensar, disse que encara a decisão de Alvaro Dias como uma questão familiar e que não pretende levar adiante qualquer ação contra o senador por infidelidade partidária.
Beto também classificou sua campanha como “muito boa, com equipe aguerrida, e estratégia adequada, mesmo tendo que mudar um pouco na reta final, em função dos ataques que vieram, até do presidente da República”.
Para ele, a vantagem de sete pontos para o adversário enquanto o Ibope, na véspera da eleição, apresentava os dois rigorosamente empatados e, na boca de urna, deu menos de três pontos de vantagem para o candidato do PSDB, comprovam que sua equipe acertou na decisão de impugnar sucessivamente as últimas pesquisas de intenção de voto.
“Antes de perguntar em quem o eleitor votaria para governador, as pesquisas pediam a avaliação do governo Lula e questionavam se o entrevistado sabia quem era o candidato apoiado pelo presidente. Nós achamos, e o TRE também, que isso poderia induzir respostas”, disse Beto Richa. O governador eleito partiu ontem mesmo para um giro pelo interior, passando por Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu.