O governador Beto Richa (PSDB) disse aos deputados estaduais do PMDB que está fluindo o diálogo com as concessionárias de pedágio e que a instalação de uma CPI pode atrapalhar as negociações para antecipação de obras nas rodovias. “Ele tem medo que atrapalhe as negociações”, relatou o deputado Nereu Moura, que abriu uma fenda na bancada ao defender a rejeição do requerimento que propõe a CPI apresentado pelo colega de partido, Cleiton Quielse (PMDB). A decisão sobre a instalação da CPI será anunciada na próxima segunda-feira 26, pelo presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB).
Beto, os deputados peemedebistas, o líder do governo, Ademar Traiano (PSDB), e o presidente da Assembleia se reuniram em um almoço nesta quarta-feira, 21, no Palácio das Araucárias, após a assinatura da lei de equiparação salarial dos professores com os funcionários do quadro próprio do Executivo.
Conforme Moura, o governador afirmou que não veria nenhum problema nas investigações, já que abrangeriam os governos de Jaime Lerner, que implantou o pedágio, e de Roberto Requião (PMDB), que tentou anular os contratos. “Ele (Beto) disse que não é a favor nem contra. Mas que pode atrapalhar as conversas que seu governo está fazendo”, relatou.
Um dos argumentos de Moura é que desde 2003, quando foi realizada a primeira CPI do Pedágio pela Assembleia Legislativa, não houve fatos novos para justificar uma CPI.
“Faz treze anos que o pedágio existe e de lá para cá estamos discutindo este tema. Não há nada que possa indicar que tenha algo novo para se investigar”, disse Moura, justificando por que depois de oito anos de questionamentos das tarifas, como deputado aliado ao ex-governador Roberto Requião, decidiu se posicionar contra a CPI.
Moura aponta ainda uma falha formal no requerimento de Quielse. Como a primeira versão da proposta de instalação da CPI estava incompleta, sem delimitar os pontos de investigação, Quielse refez o requerimento, mas não recolheu novamente as 29 assinaturas de apoio. “Fiz uma questão de ordem porque está errado. O requerimento teria que ser assinado novamente”, afirmou.
O líder da bancada do PMDB, Caito Quintana, disse que a orientação é para que nenhum deputado retire a assinatura de apoio à CPI. “Se o autor quiser, ele pede o arquivamento. Ou o presidente da Assembleia decide. Mas ninguém vai retirar a assinatura”, afirmou.
A justificativa de Quielse é que a CPI deveria investigar os aditivos contratuais autorizados pelo governo. O deputado citou que o acordo fechado em 2000 pelo governo Jaime Lerner, que permitiu às concessionárias cancelaram ou adiarem obras previstas no contrato, não foi transparente e merece uma análise. “Nós elencamos vários fatos novos. As concessões federais com tarifas equivalentes a um terço das cobradas no Paraná são claramente um fato novo”, apontou o peemedebista, referindo-se às concessões abertas em 2009 nas rodovias federais pela União.
