A TV Paraná Educativa fez ontem a última transmissão das reuniões da escola de governo, uma invenção do ex-governador Roberto Requião (PMDB) que, nos últimos oito anos, era realizada quase todas as terças-feiras em Curitiba e se transformou em palco de muitas polêmicas.
A temporada da escolinha foi encerrada com um balanço do governador Orlando Pessuti (PMDB) sobre seus quase dez meses de mandato. Na despedida, Pessuti elogiou a iniciativa.
“Mais do que a apresentação daquele ou deste secretário, este espaço serviu para que nós pudéssemos apresentar as ações do nosso governo, de uma forma transversal, estabelecendo uma convivência com a população”, disse.
O governador eleito, Beto Richa (PSDB), ainda não anunciou que fim vai dar às transmissões da escola de governo. Sempre que perguntado, Beto desconversa. De acordo com a assessoria do tucano, é provável que o governador eleito encontre uma fórmula própria para prestar contas da sua administração.
Beto ainda não definiu quem será o diretor geral da TV Paraná Educativa, vinculada ao secretário da Cultura, que será Paulino Viapiana. Possivelmente, caberá a ele dar um novo formato à programação da Educativa.
Palco de atritos
A escola de governo foi concebida pelo ex-governador como uma maneira de aproximar a população das discussões de governo e promover o intercâmbio de informações entre os integrantes da equipe. Mas, por conta do estilo de Requião, acabou se transformando num espaço privilegiado de críticas aos adversários políticos.
A reação dos desafetos foi em cadeia até que, em janeiro de 2008, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com ação civil pública contra o governador e o presidente da Rádio e TV Educativa do Estado, Marcos Batista, por uso indevido da emissora. Para a Procuradoria, Requião usava a tevê para fazer promoção pessoal e atacar a imprensa, adversários e instituições públicas.
Ainda em janeiro, foi suspensa a transmissão do programa. A primeira de uma série de interrupções determinadas pela Justiça que passou a multar Requião por infração.
O ex-governador se julgou vítima de perseguição e censura. E numa das vezes chegou a usar parte do programa para dar a receita de um “ovo frito com clara crocante e gema mole”.
Para o ex-governador e senador eleito, o saldo da escolinha foi salgado. Por reincidências e descumprimento das decisões judiciais, Requião foi multado. O valor total das multas pode chegar a $ 1 milhão.
Desvio
O Requião desvirtuou a finalidade da TV Educativa, acusou o líder da oposição, Elio Rusch (DEM), que defende o uso da emissora apenas para informações objetivas.
“Eu não sei se o Beto vai querer manter a escolinha, mas é claro que é preciso encontrar uma forma de prestar contas à população. Mas o que o Requião fazia era ilegal”, disse Rusch.
O líder do atual governo, Caito Quintana (PMDB), que era Chefe da Casa Civil, quando a escola de governo foi criada, disse que a iniciativa cumpriu alguns de seus objetivos.
“Quando a escola foi formada, nós queríamos que secretários e diretores gerais tivessem um espaço para troca de informações. Era para ser um espaço de entrosamento do governo. Foi interessante neste sentido”, afirmou.