Desde ontem, o advogado Roberto Bertholdo está proibido de exercer a atividade pelo prazo de um ano. A Câmara Especial do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB Paraná determinou, no último dia 10, a suspensão preventiva do advogado. Bertholdo já havia tido a inscrição na OAB suspensa preventivamente por 90 dias de dezembro de 2005 a março deste ano. Ontem, no julgamento de uma medida cautelar de outro processo disciplinar, o advogado foi suspenso novamente.
A suspensão preventiva está prevista no parágrafo 3.º do artigo 70 do Estatuto da Advocacia (Lei n.º 8.906). A pena pode ser aplicada ?em caso de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia?. O advogado suspenso continua respondendo ao processo ético-disciplinar principal.
Roberto Bertholdo teve a prisão preventiva decretada pelo Juízo Federal Substituto da 2.ª Vara Criminal de Curitiba em novembro do ano passado. Ele responde a processo criminal por interceptação de telefones, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O mandado de prisão foi expedido pelo juiz substituto Gueverson Rogério Farias, da 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, e fez parte da Operação TNT 2, deflagrada por meio de investigações conjuntas entre Polícia Federal e Ministério Público Federal.
A Procuradoria da República acusou o advogado de fazer escutas telefônicas para interceptar conversas do juiz da 2.ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro. O objetivo seria obter informações privilegiadas a respeito de processos envolvendo clientes de Bertholdo.
Ex-integrante do Conselho de Administração da Itaipu Binacional, Bertholdo é um dos personagens envolvidos nas denúncias sobre a existência do esquema do mensalão no Congresso Nacional. Apontado em reportagem da revista Veja como possível operador do mensalão, Bertholdo foi chamado a depor na Polícia Federal, onde negou a veracidade de uma fita em que, supostamente, aparecia relatando ações irregulares na direção da Usina de Itaipu. Na Polícia Federal, Bertholdo afirmou que houve montagem na fita que a revista reproduziu.
O advogado também acusou o deputado federal José Janene (PP-PR) de ser o principal responsável pelo sistema de corrupção no Brasil. Bertholdo atuou na defesa de Janene e do ex-deputado José Borba, também denunciado por envolvimento no mensalão pela Comissão de Ética da Câmara dos Deputados. Mas, inicialmente, ficou conhecido por representar o ex-deputado Tony Garcia no processo do Consórcio Nacional Garibaldi.