O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, terá uma audiência hoje, no Ministério Público Federal, em Curitiba, para apresentar um pedido de providências sobre as denúncias feitas pelo governador Roberto Requião (PMDB), que o acusou de tentar superfaturar a construção de uma obra ferroviária no Paraná.

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Bernardo vai solicitar ainda ao MPF que esclareça também a compra de uma emissora de rádio em Laranjeiras do Sul, que foi abordada pelo governador no twitter e reproduzida em blogs e sites de deputados, que relacionaram a operação ao ministro.

Bernardo disse que não vai se submeter a ameaças e insinuações do governador e de interlocutores, que disseminam a versão de que existem dossiês e gravações envolvendo-o em irregularidades.

“Sou um ministro de Estado. Tenho obrigação de tomar providências. Quando o governador diz tudo isso e não foi ao Ministério Público Federal, foi porque é mentira. Ele está inventando. Mas eu vou porque sou um ministro de Estado e não posso ficar assistindo a tudo isso sem levar ao conhecimento do Ministério Público Federal”, disse o ministro.

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Na “escola de governo” da semana passada, Requião disse que o ministro teria proposto a liberação de R$ 550 milhões numa Parceira Público Privada (PPP) com a América Latina Logística (ALL) para a construção de um ramal ferroviário que, segundo o governador, teria orçamento de R$ 150 milhões.

“Ele disse que houve uma tentativa de superfaturamento de R$ 400 milhões. Isso tem que ser investigado e provado. Ele insinuou que houve uma compra de uma rádio em dinheiro vivo, em Laranjeiras. Isso também tem que ser investigado para saber se o dinheiro não tem origem declarada ou se houve sonegação de impostos”, observou o ministro.

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Além do pedido ao Ministério Público Federal, Bernardo pretende mover ações civis e criminais contra Requião. A ação civil está pronta e será ajuizada hoje. A ação criminal será proposta depois que o governador deixar o cargo no dia 31 deste mês, quando Requião se afasta para concorrer às eleições deste ano.

No caso da emissora em Laranjeiras do Sul, o governador escreveu no twitter que a compra se deu em espécie com cédulas transportadas em saco de estopa. Requião não citou o ministro, mas Bernardo disse que houve um direcionamento do episódio para ele, com insinuações sobre a origem dos recursos. Na Assembleia Legislativa, o presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, fez um discurso sobre o assunto.

“Se é comigo o problema, então também quero saber quem comprou. E a Receita Federal vai se interessar muito por isso. Assim como a Polícia Federal também pode solucionar isso em poucos dias. Poderá olhar o contrato, ver quem comprou e tudo estará resolvido em poucos dias”, comentou.

Para o ministro, se há motivações eleitorais nas denúncias, as investigações vão esclarecer. “Como é que alguém diz tem tudo isso e fica guardando e, depois, quando chega perto das eleições, sai por aí falando. Eu acho que o Paraná está sem governador, porque este está só se ocupando da eleição dele”, atacou.