O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem em Umuarama que, passado o atordoamento inicial pela realização do segundo turno, a campanha de Dilma Rousseff (PT) à presidência da República está retomando seu espírito ofensivo, para reposicionar a discussão política na disputa, que deu lugar ao debate de temas religiosos.
“O que as pessoas vão lembrar na hora do voto são as conquistas do governo Lula. É isso que vai fazer a diferença”, afirmou Bernardo, que esteve em Umuarama inaugurando um dos quatro campi do IFPR (Instituto Federal do Paraná) no estado.
Bernardo comandou a solenidade em Umuarama, enquanto o governador Orlando Pessuti (PMDB) inaugurou a unidade de Telêmaco Borba, em substituição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que cancelou a participação na cerimônia.
Lula esteve em Telêmaco Borba, mas devido à falta de condições meteorológicas no aeroporto da cidade, onde chovia muito, o avião que trazia o presidente não conseguiu pousar.
Lula chegou a sobrevoar a cidade, mas voltou a São Paulo, onde tinha outro compromisso. Com o cancelamento da participação de Lula, o PT estuda a possibilidade de trazer a candidata ao Paraná na próxima semana. Porém, não há agenda nem data programada.
O ministro do Planejamento avalia que a entrada dos temas religiosos no debate eleitoral teve o efeito positivo de mostrar que as lideranças das igrejas têm vontade de participar do processo político, manifestando posições, e que o voto cristão tem força no Brasil.
“Esse é o lado bom. Mas a forma como isto é feito é que foi ruim. Porque espalharam boatos, mentiras, informações truncadas que não são compatíveis com o espírito cristão. Esse foi o lado negativo”, disse Bernardo, que definiu como “eleitoreira” a inserção da discussão pela campanha de José Serra (PSDB). “O tema do aborto nunca esteve em discussão no governo. O Lula é presidente há oito anos e não houve nenhuma iniciativa nesse sentido”, afirmou.
A redução da distância entre Dilma e Serra nas pesquisas de intenções de votos não abala os apoios da petista, assegurou Bernardo. “A distância diminuiu, mas a Dilma está na frente em todas as pesquisas de intenções de votos. Isto levanta a militância, que acabou o primeiro turno com um gosto amargo na boca, e vai tornar a campanha mais aguerrida”, afirmou o ministro do Planejamento.
Ele acha que a tendência, a partir desta semana, é que as discussões sejam mais equilibradas. Bernardo atribuiu à vitalidade da campanha tucana à surpresa que os aliados de Serra tiveram com o adiamento da decisão para o segundo turno.
“A euforia tucana se explica porque eles estavam certos que iam perder no primeiro turno. Para eles, foi uma vitória tremenda ter esse segundo turno”, comentou.