A defesa do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine pediu nesta sexta-feira, 4, ao juiz federal Sérgio Moro abertura de inquérito para investigar a autoria de um e-mail enviado a Amanda Bendine, filha do executivo. A mensagem foi recebida por Amanda, afirma a defesa, na quarta-feira, 2, e pedia um depósito de R$ 700 mil para pagar uma decisão em habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF).
Bendine foi preso em 27 de julho na Operação Cobra, 42.ª fase da Lava Jato. Ele é suspeito de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht. O e-mail foi enviado à filha de Bendine às 17h50 do dia 2 pelo remetente aldemirbendine63@bol.com.br.
“Filha é o pai. um agente está me ajudando neste e-mail. estou bem avisa a sua mãe e a Andressa.Tenho um contato no RJ que tem uma conexão com o STF.. para garantir o habeas corpus domiciliar. eu já tinha combinado o valor com eles.fale com a Silvana fazer um Ted para o banco do Brasil agência 1257-2 conta 3933-0 nome Alexandre Inácio, valor 700 mil reais quando for a hora falo com o Bottini… para pedir o habeas….amo vocês..”, diz a mensagem.
Os advogados Pierpaolo Cruz Bottini e Cláudia Vara San Juan Araujo,que defendem Bendine, sugeriram a Moro que quebre o sigilo do remetente e também da conta corrente indicada para depósito, a fim de que possa ser identificada a sua titularidade.
“Trata-se de e-mail recebido no final do dia de ontem por Amanda Bendine, filha do peticionário, na qual pessoa que se faz passar por Aldemir Bendine, hoje custodiado na carceragem da Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná, solicita a realização de depósito na ordem de R$ 700 mil, na conta de terceiro desconhecido para suposto pagamento de decisão em habeas corpus a ser impetrado perante o STF”, relatou a defesa a Moro.
“Tal situação, em razão de sua absoluta gravidade – chega a beirar o absurdo – demanda a adoção de providências imediatas por parte deste d. Juízo para apuração das devidas responsabilidades.”
Para os advogados, uma pessoa mal intencionada pegou ‘informações divulgadas pela mídia – tais como o nome dos familiares do peticionário e destes defensores – está se fazendo passar por Aldemir Bendine’.
“Seja para obter vantagens indevidas em prejuízo de seus familiares – que de forma desavisada poderiam ter realizado o depósito – seja para agravar sua situação nesses autos, já que, como é notório, Amanda Bendine também foi alvo de quebra de sigilo telemático, de forma a possibilitar a interceptação da mensagem eletrônica em questão pelas autoridades responsáveis pela persecução”, relataram os defensores.
“A fim de demonstrar a sua mais absoluta boa-fé e, novamente, reiterar seu propósito de cooperar plenamente com as apurações, requer seja dada imediata ciência do documento ora apresentado ao Ministério Público Federal e, ainda, seja determinada a instauração de inquérito policial para apurar a autoria do referido e-mail”.