Cesare Battisti, livre das muralhas da Papuda, chegou a São Paulo às 6h50 da manhã gelada de ontem. Da janela do voo TAM que o trouxe, contemplou o amanhecer carrancudo da metrópole, antes do pouso em Congonhas.

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Em seu primeiro dia de liberdade, depois de 4 anos e 2 meses prisioneiro de severa disputa diplomática, ele refletiu sobre o recomeço. Tomou algumas medidas. Aos 56 anos, sua nova trincheira será aqui, na maior cidade do País que lhe outorgou o asilo político. Sua causa, agora, é a literatura e com ela planeja retomar a vida. Sua arma, textos de ficção. “É o meu trabalho. Um romance sem história pode existir, mas não romance sem tema.”

Vem aí Ao pé do muro, pela Editora Martins Fontes, o último da trilogia que já teve Minha fuga sem fim e Ser bambu.

A obra do homem que a Itália acusa de quatro assassinatos nos anos 70 conta a vida de brasileiros que conheceu no cárcere da Polícia Federal. “Cada preso tem sua própria história, entendi o Brasil através de relatos dessa gente. Cada preso é uma janela do Brasil. É uma ficção biográfica. Sob o pretexto de denunciar situações sociais, adoto o gênero romance. É o tema que conta.”

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Não acha prudente, neste momento, pronunciamentos pela mídia. Teme repercussões por todo o mundo, especialmente na sua Itália, onde querem recebê-lo com intolerância e algemas.

A defesa aconselha cautela. Tem regras a acatar. Qualquer palavra que disser, argumenta, poderá ser interpretada como provocação, acirrar a contenda. “Não quero que vejam como a celebração de um triunfo. É preciso respeitar as instituições e as famílias.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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