Battisti chega algemado para depor no Rio

O ex-ativista político Cesare Battisti chegou algemado, por volta de meio-dia, no Fórum Federal Marilena Soares Reis Franco, no Rio de Janeiro, onde será interrogado pelo juiz da 2ª Vara Federal, Rodolfo Kronemberg Hartmann, no processo em que ele é acusado de falsificar seu passaporte francês. Além de Battisti, o juiz ouvirá duas testemunhas de defesa: os delegados federais Fábio Galvão e Oswaldo da Cruz Ferreira, que efetuaram a prisão do italiano em 2007.

O advogado de defesa, Luiz Eduardo Greenhalgh, afirmou que a acusação é indevida porque não foi Battisti quem preparou o documento, “que ele sequer tocava ao ser preso”. De acordo com ele, o passaporte foi entregue ao italiano por autoridades francesas antes de Battisti deixar o país europeu, depois que François Mitterrand perdeu as eleições para Jacques Chirac. O documento teria sido usado uma única vez no ingresso dele no Brasil, em Fortaleza, sem que o ex-ativista soubesse que se tratava de um passaporte falso.

Ex-integrante do movimento Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), Battisti começou a participar de movimentos estudantis em 1968 e se engajou na extrema esquerda. O militante foi preso em 1979 acusado do assassinato de Antonio Santoro, agente de custódia morto em junho de 1978, dos comerciantes Pierluigi Torregiani e Lino Sabbadin, ambos mortos em fevereiro de 1979, e do policial Andrea Campagna, que morreu em abril de 1979. Em 1981, Battisti fugiu da Itália e passou pela França e pelo México. Em 2004, ele chegou ao Brasil. Foi preso pela Polícia Federal (PF) três anos depois, no Rio.

Em novembro de 2009, após muita polêmica e três sessões, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu que Battisti pode ser extraditado para a Itália. No entanto, a Corte deixou a prerrogativa de entregá-lo ou não ao seu país de origem sob decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo já indicou que não tem pressa.