Além de antecipar salários aos servidores públicos do Distrito Federal e medidas a militares – no valor total de R$ 248 milhões -, o governador José Roberto Arruda (DEM) acertou com sua base aliada que os pedidos de impeachment contra ele serão votados no plenário da Câmara Distrital somente depois da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar as denúncias de corrupção. Como a comissão só começará os trabalhos em 2010, Arruda pretende ganhar tempo para esfriar a crise e diminuir a pressão a favor de seu afastamento.
Os aliados sustentam que aprovar um impeachment antes da conclusão da CPI é uma “condenação sumária”. São necessários 16 dos 24 votos da Câmara para que Arruda seja impedido de continuar governando o Distrito Federal, depois das denúncias de que ele teria montado um esquema de corrupção apelidado de “mensalão do DEM”.
Teoricamente, Arruda tem maioria folgada na Casa, mas deputados de sua base de apoio também estão envolvidos no escândalo, como o presidente da Câmara, Leonardo Prudente (DEM), que se afastou do cargo após ser flagrado colocando dinheiro de propina nas meias.
Os deputados devem aprovar hoje as regras para a composição de uma comissão intermediária que vai analisar os pedidos de impeachment. A base de Arruda articula para manter o tema apenas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde tem maioria garantida. A Câmara deve decidir também se votará até amanhã o projeto de lei que estabelece o Orçamento do DF para 2010. Concluída essa votação, os parlamentares poderão entrar em férias, atrasando ainda mais os processos de impeachment contra Arruda.