Em sua primeira aparição oficial após a áspera discussão com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, o ministro Joaquim Barbosa evitou fazer comentários sobre o incidente e limitou-se a falar sobre a improbidade administrativa e seus efeitos na Justiça eleitoral. Ele participou hoje de um debate na Justiça Federal em Brasília sobre improbidade administrativa.

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Barbosa, porém, recebeu uma manifestação de solidariedade do procurador da República, Hélio Telho Correa, em nome do Ministério Público Federal de Goiás. Sem citar nomes e numa referência velada ao episódio da semana passada, Telho afirmou: “sou porta-voz dos procuradores e achamos que vossa excelência disse o que precisava ser dito”.

À saída do auditório, Barbosa evitou conversar com jornalistas. Amanhã Joaquim Barbosa estará em São Paulo dando continuidade a um tratamento de coluna. Ele deverá voltar ao plenário do STF na quinta-feira, na continuidade do julgamento sobre a constitucionalidade da Lei de Imprensa.

Na semana passada, os dois ministros se envolveram em uma discussão durante um julgamento no plenário do STF. O desentendimento começou quando o STF analisava recursos em que era discutido se as decisões, sobre benefícios da Previdência do Paraná e sobre foro privilegiado, tinham ou não efeito retroativo. Essas decisões haviam sido tomadas em sessões em que Barbosa faltou aos julgamentos – ele estava de licença. O ministro Barbosa disse que a tese de Mendes deveria ter sido exposta “em pratos limpos”. Mendes respondeu: “Ela foi exposta em pratos limpos. Eu não sonego informações. Vossa Excelência me respeite”, e lembrou que o ministro faltara à sessão em que o recurso começou a ser decidido.

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Quando Mendes disse que o ministro não tinha “condições de dar lição a ninguém”, Barbosa rebateu: “Vossa Excelência está destruindo a Justiça deste País e vem agora dar lição de moral em mim? Saia à rua, ministro Gilmar. Saia à rua, faz o que eu faço”, afirmou Barbosa. Em seguida, depois de Mendes dizer que estava na rua, Barbosa acrescentou: “Vossa Excelência não está na rua não. Vossa Excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro. Vossa Excelência quando se dirige a mim, não está falando com os seus capangas do Mato Grosso, ministro Gilmar. Respeite”. A sessão foi encerrada após o bate-boca.