O Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou na tarde desta sexta-feira, 22, o contingenciamento, de R$ 69,9 bilhões, é o “maior dos últimos anos”. Ele observou, no entanto, que o corte não foi linear, ocorreu de maneira selecionada, preservando prioridades para o governo, a exemplo de projetos estruturantes e em fase de finalização. Ele afirmou ainda que nos próximos dias uma portaria será editada para estabelecer metas de redução com os gastos de custeio.

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Ele explicou que no caso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a dotação máxima foi reduzida para R$ 40,5 bilhões. Segundo Barbosa, as áreas prioritárias continuam sendo o Minha Casa Minha Vida, o combate a crise hídrica, obras estruturantes no nordeste e integração do Rio São Francisco, além das rodovias estruturantes, as obras nos principais portos no País e as ampliações e o plano nacional de banda larga.

Do lado social, Barbosa informou que as prioridades continuam mantidas. Educação ficou em R$ 15,1 bilhões, preservando programas prioritários e garantido verbas de custeio. Para Saúde ficou em cerca de R$ 3 bilhões garantindo recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS). No Desenvolvimento, preservou o Bolsa Família, com R$ 27,7 bilhões e mantém os demais programas do Brasil Sem Miséria. As emendas impositivas foram cortadas em R$ 3,063 bilhões, ficando com R$ 4,635 bilhões.

“Mesmo com contingenciamento, vários programas estão preservados. O valor de emendas limite para execução é suficiente e permite a continuação do Minha Casa Minha Vida e a continuação da fase 3 do programa”, explicou o ministro. “O valor preserva os investimentos prioritários, preserva os principais programas sociais. O contingenciamento é uma das várias medidas do esforço”, afirmou.

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Repercussão

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“É o que dá para fazer hoje”, disse o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Luís Eduardo Assis. Ele afirmou que esperava o anúncio de um contingenciamento entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões.

Para ele, os R$ 69,9 bilhões estão muito longe de um ajuste fiscal capaz de gerar crescimento da economia no futuro e de evitar que a relação dívida/PIB continue a crescer. “Só no ano passado a relação dívida/PIB cresceu 18,5%”, disse o economista, acrescentando que com este corte de gastos, em 2016 o governo terá de discutir um novo ajuste fiscal. “Sou contra alguns empresários que dizem que é melhor tomar uma picada de injeção agora e deixar para ver o que vai dar à frente. O processo de cura (fiscal) é longo”, disse Assis ao Broadcast, acrescentando que o corte de gastos deveria ter sido maior.

Para ele, este contingenciamento é o mesmo que apagar fogo com água suja, porque o corte vai recair sobre os investimentos. Não é, de acordo com o ex-diretor do BC, uma “maldade” do governo, mas é sempre mais fácil cortar despesas discricionárias, investimentos, do que gastos obrigatórios. “Vamos ter aumento da carga tributária e não sugere crescimento no futuro”, reiterou.