O ex-secretário de Relações Institucionais do governo do Distrito Federal, Durval Barbosa, que denunciou a existência de um esquema de corrupção na cúpula da administração, informou a advogados e a policiais federais que não quer usar o direito de ficar calado perante a CPI da Corrupção, na Câmara Legislativa. Ele decidiu não só reafirmar tudo o que sabe sobre o chamado “Mensalão do DEM”, revelado pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal (PF), mas também apresentar fatos novos que comprometem ainda mais o governador José Roberto Arruda (ex-DEM), vice-governador, Paulo Octávio (DEM), e os nove deputados distritais acusados.
Durval deve mostrar em detalhes como o governador comandava o esquema de distribuição de propinas entre parlamentares da base aliada, secretários e autoridades, ao mesmo tempo em que era também um dos beneficiários do esquema. O dinheiro, segundo o ex-secretário, era arrecadado junto a empresas, sobretudo da área de informática, que prestam serviços ao governo do DF.
O depoimento do ex-secretário à CPI da Corrupção está previsto para a próxima semana. Entre os fatos novos, Durval promete provar que é mesmo de Arruda a letra do manuscrito intitulado “Agenda Resumida 2009”, de nomes e valores relacionados ao suposto recebimento de propina pelo governador e pela ONG Fraterna, de sua mulher, Flávia Arruda.
O manuscrito faz parte de um conjunto de documentos apreendidos na casa de Domingos Lamoglia, antigo colaborador de Arruda e, mais recentemente, nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do DF. Os papéis estão sendo periciados pelo Instituto Nacional de Criminalística, que apresentará um laudo nos próximos dias.
O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, prometeu hoje a uma comissão da representantes da Câmara Distrital, apresentar Durval o mais rápido possível, no máximo até a próxima semana à CPI da Corrupção, tão logo sejam definidos o local e as condições para que o depoimento transcorra em segurança.
Considerado arquivo vivo, Durval está sob proteção especial da PF após fazer acordo de delação premiada com o Ministério Público.