Parlamentares “lavajatistas” criticaram na quinta-feira, 26, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) após o julgamento no qual a Corte formou maioria a favor de uma tese capaz de derrubar condenações da Lava Jato. Aliados do ex-juiz e hoje ministro da Justiça, Sergio Moro, viram com preocupação a decisão do Tribunal. Nos bastidores, interlocutores de Moro disseram que, se o alcance da decisão não se restringir a casos bem definidos, a operação está em risco.
“O Brasil, se depender da maioria do Supremo, vai ser o país da impunidade”, disse o senador Major Olímpio (PSL-SP). Favorável à instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar atos de ministros da Corte, Olímpio afirmou que o julgamento, até agora, “dá argumentos para a abertura da CPI da Lava Toga”. “Lavajatista”, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) questionou: “o crime vai compensar?”.
A deputada Bia Kicis (PSL-DF) classificou o julgamento como uma “vergonha”. “Suprema Vergonha esse julgamento do STF. Argumentos injurídicos para soltar bandidos”, atacou.
A também deputada Carla Zambelli (PSL-SP) citou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para questionar o STF. “Já se arrependeu de ter indicado o Gilmar Mendes para o STF, caro ex-presidente?”, escreveu em resposta a uma postagem do tucano. FHC havia afirmado: “Espero que o STF não se limite a questões formais, mesmo importantes, e ajude o Brasil a continuar combatendo a corrupção e o crime. Respeito à lei, mas também à moral pública é o que o povo espera”.
Já para a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, e o resultado “foi muito importante para corrigir parte dos abusos da Lava Jato”.
Força-tarefa
O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima – decano da Lava Jato, que se aposentou em março – criticou o Supremo. “Impossível fazer Justiça quando supostos magistrados tiram da manga do colete nulidades absurdas para beneficiar poderosos”, disse Lima no Facebook.
O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Fábio George Nóbrega, foi na mesma linha. “Vemos com muita preocupação a formação de maioria que se encaminha para anular um processo sem que tenha havido o descumprimento de qualquer norma legal. É muito importante que a tese, se confirmada, sirva para futuros casos, não prejudicando os processos já julgados.”