Disputa

Bancada do Paraná na Câmara fica entre Temer e Serraglio

A participação de um candidato paranaense na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados tem dividido a posição da bancada do Estado em Brasília para a eleição da mesa da casa, que acontece no próximo dia 2 de fevereiro. Praticamente a metade dos 30 deputados federais paranaenses está disposta a não seguir a indicação de seus partidos para apoiar a candidatura avulsa de Osmar Serraglio (PMDB).

Pelo menos entre a bancada paranaense, Serraglio conseguiu reunir, em torno de sua candidatura independente, deputados de diferentes legendas e posição dentro da Câmara. Tanto parlamentares da base do governo, como Marcelo Almeida (PMDB) e, principalmente, da oposição, como Gustavo Fruet (PSDB) estão dispostos a ajudar um paranaense a chegar pela primeira vez à presidência da Câmara.

Para votar em Serraglio, Marcelo Almeida contraria a indicação de seu partido, deixando de votar no presidente nacional da legenda, Michel Temer (PMDB-SP), até o momento, favorito para vencer a disputa. Além de Temer e Serraglio, disputam a presidência da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB) e Ciro Nogueira (PP-PI).

“Estou votando no PMDB do mesmo jeito, voto no Serraglio no primeiro turno, se ele mantiver a candidatura até lá, e, se for o caso, voto no Temer num eventual segundo turno”, disse Almeida, que prevê muitas dificuldades para o paranaense sustentar a candidatura avulsa.

Para Gustavo Fruet, que disputou a presidência da Câmara há dois anos, o apelo de um candidato do Estado faz com que os deputados paranaenses vão ao enfrentamento das orientações partidárias. Ele lembra que Serraglio já foi eleito primeiro secretário da casa numa candidatura avulsa e prevê que, uma “rebeldia silenciosa” do PT, motivada pela disputa pela presidência do Senado entre José Sarney (PMDB-AP) e Tião Viana (PT-AC) pode dividir votos já declarados em Temer.

O apelo estadual também é a principal motivação de Abelardo Lupion (DEM) e Ratinho Junior (PSC) a votar em Serraglio. “Sei que ele está saindo para marcar posição e não seria justo que os paranaenses não estivessem com ele”, disse Lupion. “É um político sério, ético, tem uma pauta de trabalho respeitável, vai recuperar a dignidade da casa e, além disso, é do Paraná. Temos de realçar e apoiar os nossos valores”, afirmou Ratinho Junior.

Já um outro grupo de parlamentares, apesar de declarar apreço a Serraglio pretende votar seguindo a orientação do partido. “Voto pela fidelidade partidária. O PMDB realizou um processo para a escolha do candidato e o nome indicado foi o do Michel. A candidatura do Serraglio surgiu após esse processo”, disse Rodrigo Rocha Loures (PMDB).

“Como vice-líder do partido, não posso fugir à orientação de votar no Michel Temer”, reconheceu Eduardo Sciarra. “É a decisão do partido e acredito que a Câmara tem todas as condições de cumprir seu papel com Michel Temer na presidência”, disse Ângelo Vanhoni (PT).

No rol dos indecisos, a dúvida também é por conta de acompanhar o partido ou prestigiar um colega do estado. “Não defini meu voto ainda, a princípio, sigo a orientação do partido, mas posso mudar na hora e votar num companheiro do Paraná”, disse Alfredo Kaefer (PSDB).

“Minha situação é bem delicada nessa eleição: tem um candidato do governo que sou vice-líder, o Michel Temer; um candidato do meu partido, o Ciro; e um candidato do meu estado, o Serraglio. Espero que até o dia da eleição eles façam alguma composição para facilitar minha vida”, comentou Ricardo Barros (PP).

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