Em sua primeira visita ao Brasil como diretora-geral do Programa das Nações Unidas para as Mulheres (ONU-Mulher), a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet criticou a baixa representação política das mulheres brasileiras no Congresso. Apesar de reconhecer as dificuldades de aprovar leis que facilitem o acesso feminino às vagas parlamentares, cobrou as mudanças na legislação e uma reforma política.
“O Brasil tem uma presidente mulher, tem extraordinárias mulheres em todas as áreas. No entanto, tem uma baixíssima representação política no Parlamento. Entre 8% e 9% na Câmara, pouco mais de 12% no Senado. É, inclusive, mais baixo que a média da região, que é de 22%. Portanto, o central é a reforma política que está sendo discutida no Parlamento”, afirmou.
Ao sair de um encontro com 15 das 45 deputadas e senadoras hoje eleitas – entre elas Jaqueline Roriz, que quase perdeu o cargo por envolvimento no mensalão do Distrito Federal e foi salva apenas pelo espírito corporativo parlamentar – Bachelet defendeu a votação em listas fechadas, uma das propostas a serem analisadas pelo Congresso.
Nesse modo de votação, o eleitor escolhe não um nome, mas uma lista de candidatos indicados pelos partidos. A proposta da bancada feminina é a exigência de que pelo menos metade da lista seja composta por candidatas. “Há duas linhas centrais, uma delas é a possibilidade de lista fechada, com paridade e alternância. Em outros países, como Uruguai e Argentina, isso obteve resultados extraordinariamente positivos para que mais mulheres fossem eleitas”.
Perguntada se a situação não mudava com o fato de o Brasil ter eleito a primeira mulher presidente, Bachelet afirmou que esse fato é importante e simbólico, mas não basta. “Aos passos simbólicos temos que unir passos concretos e por isso a necessidade de leis que garantam a maior participação das mulheres e a reforma política são essenciais”, disse.
