O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto afirmou nesta quarta-feira, 7, que o Brasil vive um momento de conturbação política, mas sairá mais forte. A declaração foi dada durante a abertura da I Feira de Direitos Humanos, promovida pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo.

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Segundo Ayres Britto, o Brasil vive nos últimos dois anos um período de conturbação. “Eu não diria de turbulência, mas de muito tensionamento, fricção, estranhamento, no modo de pensar e repensar nossa cultura, época de questionamento de valores. Tudo isso seria até motivo de alegria se não estivéssemos a protagonizar esse período com acirramento de ânimos”, afirmou.

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Na visão dele, o País está se deslocando do que seria um ciclo virtuoso de pluralismo para o campo perigoso e temerário do divisionismo. “O pluralismo postula a predisposição para o diálogo. Nos últimos dois anos vivemos a quadra histórica de fechamento da perspectiva do diálogo, então o que sobrevém é uma visão monocular das coisas”.

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Mesmo assim, ele se mostrou otimista, reafirmando sua crença na capacidade de resistência da democracia, que ele classificou como um “avião de carreira, que precisa resistir a borrascas e tempestades”. “Nossa perspectiva é que a democracia resultará triunfante ao fim e ao cabo dessa refrega. Essa chuvarada toda, esse entrecruzar de raios, vai passar. Olharemos para trás e nos veremos no espelho da história sem corar de vergonha”.

Durante sua palestra, Ayres Britto lembrou que nesta terça-feira, 6, o ministro do STF Marco Aurélio Mello expediu uma liminar para o afastamento de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado. “Uma ordem jurídica tem imperatividade, ela obriga. Se não, é conselho, convite, exortação. E norma jurídica não é isso, é comando”, afirmou. Renan não cumpriu a determinação judicial.

Falando sobre direitos humanos, o ex-presidente do STF lembrou quando a Corte aprovou a possibilidade de aborto de anencéfalo e também comentou sobre o regime de cotas em universidades, além de políticas para mulheres e outras minorias. “As mulheres se aposentam com menos cinco anos de idade e contribuição. Isso é intrinsicamente, inatamente justo”, comentou. Na proposta de reforma da Previdência apresentada nesta terça pelo governo Michel Temer, a idade mínima foi igualada para homens e mulheres em 65 anos.