No segundo painel do Fórum Internacional de Liberdade Imprensa e Poder Judiciário, a autorregulamentação foi apontada como a solução para o direito de resposta.

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Não há consenso sobre a necessidade de legislação específica para a aplicação do Direito de Resposta. Opiniões divergentes a respeito ficaram evidenciadas no painel “Direito de resposta/Práticas nas democracias”, o primeiro da parte da tarde, do Fórum Internacional de Liberdade Imprensa e Poder Judiciário, realizado nesta sexta-feira (27/5) na sala de sessões da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, em Brasília.

A ministra Ellen Gracie foi a presidente de mesa do painel, que teve como primeiro expositor, o jurista peruano Jorge Santistevan de Noriega, que foi Defensor do Povo (uma espécie de representante dos cidadãos em relação ao Estado). Ele considerou que o direito de resposta não tem uma única face, sendo outra face do direito da liberdade de expressão.

No caso específico do Peru, o direito à retificação está determinado pela Constituição, que não impede outras imputações de responsabilidades.

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Santistevan lembrou que na América do Sul, constitucionalmente, houve menor interesse em uma ativação legal do direito de resposta. Obtiveram maior implantação dois mecanismos: o dos Conselhos de Imprensa, que no caso peruano é formado por representantes dos principais jornais, e o do ombudsman, profissional contratado para representar os leitores. Com a autorregulamentação, disse Jorge Santistevan, evita-se chegar à judicialização dos processos.

Já o articulista do O Estado de São Paulo, José Nêumanne Pinto, apesar de ser contra a retificação de opinião, mostrou-se defensor da penalização dos maus jornalistas. “O direito de resposta é um bumerangue, pois trará nova exposição ao envolvido quando obtiver o direito, mas o jornalista que mente, que usa de má-fé, deve ser fortemente penalizado”, afirmou Nêumanne.

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O jornalista Paulo Sotero, atual diretor do Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for Scholars, de Washington, defendeu a autorregulamentação. Para ele, mais que punir, o melhor é valorizar o que há de bom, e os jornalistas precisam ter clara a noção da importância de sua atividade, que tem fé pública, apego à verdade e empenho na manutenção da democracia no Brasil, que ele considera exemplar. Diante dos problemas, a preocupação não deve ser de tolher a liberdade, mas de se ter mais liberdade.

A ministra Ellen Gracie encerrou o painel com a ressalva de que é preciso uma retomada da visão e do pensar críticos, algo que o jornal faz com mais eficiência que outros meios de comunicação. Ela concluiu exortando a imprensa escrita a não se acomodar, pois “vocês são os depositários da consciência crítica da sociedade”.