Autorizada dragagem dos portos do Paraná

O governador Roberto Requião (PMDB) assinou, ontem, durante a Escola de Governo, a autorização para contratação da empresa que irá realizar a dragagem emergencial no Canal da Galheta, que dá acesso aos portos de Paranaguá e Antonina. A Somar – Serviços de Operações Marítimas – foi a vencedora da consulta de preço promovida pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), conforme modelo adotado pela Secretaria Especial de Portos. A empresa começa os serviços no fim do mês e terá prazo de 100 dias para dragar 3,7 milhões de metros cúbicos de sedimentos. O custo estimado da operação é de R$ 35 milhões.

“A dragagem tornou-se urgente. Os últimos fenômenos climáticos provocaram assoreamento e o Canal da Galheta perdeu cerca de 23 metros de largura. O porto de Paranaguá é emergência absoluta, porque está operando e absorvendo a demanda do porto de Itajaí”, justificou o governador. “Vamos fazer a dragagem emergencial e, a partir de fevereiro, o governo federal assume a dragagem que vai aprofundar o canal para 16 metros”, completou.

O superintendente da Appa, Daniel Lúcio Oliveira de Souza, alegou que a necessidade da dragagem emergencial se fez por inconformidades que ocorreram nos contratos anteriores, desde 1998. Souza alegou, ainda, que “nos últimos 121 dias, o banco de areia avançou 54 metros sobre o Canal da Galheta, equivalente ao avanço registrado nos últimos três anos”, disse.

Participaram da consulta da Appa 11 empresas e cinco apresentaram propostas para realizar a dragagem. A escolha da Somar obedeceu critérios técnicos de engenharia e o menor preço proposto, R$ 7,99 por metro cúbico. “Este preço inclui a mobilização e desmobilização da draga e só foi possível porque é uma máquina de grande porte, que passou a ficar disponível ao mercado em virtude da redução das atividades em Dubai, onde ela era usada na criação de ilhas artificiais”, disse o diretor da Somar, José Eduardo de Campos Figueiredo.

Também na “escolinha” de ontem, o governador determinou que a Appa compre sua própria draga para não sofrer mais com as pendências que impediram a licitação para a dragagem do canal. Segundo Requião, o custo da contratação emergencial de uma draga equivale à aquisição de equipamento próprio. “Existem no mercado dragas com capacidade de 5 mil metros cúbicos de cisterna e que podem ser adquiridas por algo em torno de R$ 30 milhões”, constatou.

Impedido de criticar instituições e adversários políticos durante a “escolinha”, transmitida ao vivo pela Rádio e Televisão Educativa, o governador colocou a crítica ao ex-líder da oposição na Assembleia Legislativa, deputado Valdir Rossoni (PSDB) na boca do novo superintendente da Appa Daniel de Souza, que substituiu o irmão de Requião, Eduardo, no cargo, após a súmula antinepotismo do Supremo Tribunal Federal.

A explicar o porquê de a dragagem não ter acontecido até agora, Souza disse que a licitação da dragagem estava impedida por ações de terceiros que, apesar de contestar o atraso da dragagem, entrou na Justiça contra a licitação. “Daniel, terceiros não quer dizer ninguém. Quem é a pessoa que tentou impedir a dragagem. Não enrole, dê o nome dele”, provocou Requião até o superintendente citar o nome de Rossoni.

“Sou contra mutreta”

O deputado Valdir Rossoni reagiu à crítica do governador e atribuiu os problemas do porto à má administração de Eduardo Requião. “Requião assumiu seu segundo governo em 2003. Nomeou como superintendente dos portos o irmão, Eduardo, psiquiatra sem experiência administrativa em portos.”
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Rossoni disse que jamais seria contra a dragagem e que só entrou na Justiça para garantir uma licitação correta, dentro dos padrões técnicos e ambientais. “Agora o governador tenta me responsabilizar, porque essa é sua prática: ele culpa alguém para encobrir erros e de sua família”, disse, ironizando que, como prêmio pela administração dos portos, Eduardo foi nomeado para representar o Paraná em Brasília. “Nunca fui contra a dragagem. Ninguém de juízo normal pode ser. Sou contra a mutreta, a incompetência, a inoperância, o descaso com a coisa pública, que é o que acontece no porto desde 2003”, concluiu.