Foto: Lucimar do Carmo

Felinto: contra vassalos.

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O presidente da Confederação Nacional dos Usuários de Transportes Coletivos Rodoviário, Ferroviário, Hidroviário e Aéreo e ex-deputado federal paranaense, José Felinto, afirmou que o voto secreto é uma conquista da sociedade que a Assembléia Legislativa aboliu ao aprovar uma lei estadual tornando abertas todas as votações em plenário. Felinto foi o autor da Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal contra a lei estadual que acabou com o voto secreto.  

Felinto disse que o fim do voto secreto foi uma medida eleitoreira e que deixa os deputados à mercê de todo tipo de pressão dos governantes e de interesses privados. ?Se o voto fosse secreto quando se votou o nepotismo, o projeto teria sido aprovado?, afirmou o ex-deputado. Ele justificou que tomou a iniciativa por entender que a Assembléia Legislativa violou a Constituição Federal, que permite aos deputados não se identificarem na votação de algumas matérias específicas, como a cassação de mandatos.

Embora não seja contra a manifestação da posição dos deputados em algumas votações, como a que envolve matérias em que temas éticos estão em discussão, Felinto disse que está tentando proteger os deputados independentes, que gostariam de votar de acordo com suas consciências, mas que acabam sendo vítimas de pressões externas. ?Os vassalos do rei é que gostam do voto aberto para poderem perseguir quem foi contra?, disse.

Inspiração

Na Assembléia Legislativa, alguns deputados demonstraram curiosidade sobre a iniciativa da confederação. ?Vamos apresentar nossa defesa e temos certeza que essa ação não prospera. Mas que foi muito estranho, isso foi. Afinal, a lei foi aprovada pela quase unanimidade dos deputados?, disse o presidente da Assembléia Legislativa, Nelson Justus (DEM).

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A versão de que Felinto teria contestado a lei para favorecer os deputados tucanos, alinhados ao governo, que podem ser expulsos se contrariarem a orientação de oposição do partido nas votações, foi desmentida. O deputado Luiz Accorsi (PSDB) afirmou que sempre foi a favor do voto aberto. ?Acho estranho o que aconteceu. Foi uma luta para conseguir abrir o voto e agora isso. O deputado vota e a população tem que saber no que ele votou?, disse.

Augustinho Zucchi (PDT) afirmou que, desde que o voto secreto foi abolido, no final do ano passado, não houve uma circunstância em que o cidadão tenha sido prejudicado por conhecer como os deputados se posicionaram durante uma votação. ?Não tivemos, até agora nada que tenha dado qualquer sinal de que o voto aberto tenha sido ruim para a população, que é a mais interessada?, comentou.

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Para Zucchi, a discussão que está envolvendo o Senado sobre o afastamento de seu presidente, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de quebra de decoro, é a prova de que o voto aberto ajuda as instituições a tomarem decisões em harmonia com o interesse público. Para o pedetista, o voto aberto em processos de cassação já poderia ter provocado um desfecho ao episódio.