Auditoria relata irregularidades da Delta em ferrovia

Declarada inidônea há um ano, durante as investigações da CPI do Cachoeira, a Delta Construções continua no centro de irregularidades reveladas em investigações do governo. Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), obtida pela reportagem, aponta superfaturamento, medição de serviços não executados e alterações indevidas na obra da Ferrovia de Integração oeste-leste.

Apontada como uma dos principais obras do Plano de Aceleração do Crescimento – são 1.527 quilômetros ligando Ilhéus, na Bahia, a Figueirópolis, no Tocantins -, a Fiol, como é chamada, tem sérios problemas em seu lote 1, parado desde o ano passado por pendências judiciais entre o consórcio construtor e a Valec, estatal responsável pelo projeto. A CGU fiscalizou serviços executados até maio de 2012.

Quatro meses depois, a Delta deixou a obra, tocada em parceria com as construtoras Convap e SPA Engenharia. As intervenções no trecho de 124 quilômetros, entre Rio Preguiça e Ilhéus (BA), foram contratadas por R$ 574 milhões, mas só 7,7% disso foi feito.

A Valec desembolsou R$ 32 milhões para as construtoras, dos quais R$ 5 milhões (ou 15%) superfaturados, como mostram relatórios da CGU. Após inspeção in loco e um pente-fino em documentos, os auditores constataram, por exemplo, que a Valec pagou por bueiros tubulares não implantados. Só nesse item as perdas somam R$ 3,1 milhões.

O prejuízo em serviços de escavação, carga e transporte de terra seria de mais R$ 1 milhão. Até valores pagos pelo aluguel de helicópteros para transportar pessoal teriam sido inflados. Nas contas da CGU, por 37 horas voadas a Valec pagou R$ 199 mil – 42% acima do preço real.

O contrato previa a instalação de estações de tratamento de esgoto (ETEs) para tratar efluentes no canteiro de obras, uma delas comprada por R$ 463 mil. Com esse dinheiro seria possível montar mais dez unidades idênticas, registrou a Controladoria, ao averiguar o preço dos itens que compõem a estrutura. Outra ETE, um pouco maior, foi adquirida ao mesmo valor, mas custou, efetivamente, R$ 68,5 mil. “O superfaturamento resultante é de 676% ou R$ 394 mil”, sustenta a CGU.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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