A Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa a criação da estrada-parque “Caminho do Colono” realiza audiência pública nesta sexta-feira (11), na Casa da Cultura de Serranópolis do Iguaçu, a partir das 9h.
A informação é do presidente da Comissão, deputado federal Eduardo Sciarra (PSD), que vem conduzindo há mais de um mês os debates sobre a adoção de um modelo turístico e sustentável que possibilite a reabertura da antiga estrada, interditada judicialmente desde 1986. O projeto de lei é de autoria do deputado Assis do Couto (PT), tendo como relator na Comissão o deputado Nelson Padovani (PSC).
Conforme a proposta, a estrada-parque seria implantada no trecho inicial de 17 quilômetros da PR-495, antiga BR-163, no leito histórico da antiga estrada do colono.
A estrada-parque seria criada com guaritas para controle do fluxo de veículos, pavimentação ecológica, mirantes naturais, facilitadores de passagem de animais, telas ao longo do curso, entre outros equipamentos e investimentos que assegurem a conservação da biodiversidade da região e a circulação dos moradores e visitantes apenas durante o período diurno. O transporte de carga e veículos pesados seriam vetados no local.
As audiências públicas já realizadas na Câmara dos Deputados tiveram a participação de biólogos, procuradores da República, ambientalistas, representantes da Unesco e do Parque Nacional do Iguaçu, abrindo espaço para manifestações favoráveis e contrárias ao projeto de Lei. “O importante é assegurar um debate saudável, permitindo sempre o contraditório”, afirma o deputado Eduardo Sciarra.
Entorno
Nesta sexta-feira, em Serranópolis do Iguaçu, o objetivo é iniciar o debate com a população do entorno da estrada. Nas próximas semanas, outra audiência pública será realizada em Capanema.
As duas cidades, situadas nas margens opostas do Rio Iguaçu (regiões Oeste e Sudoeste do Paraná), foram as mais impactadas com o fechamento judicial. “Esta Comissão está também abrindo a participação da população local, que nunca foi ouvida em todo esse tempo”, esclarece Sciarra.
De acordo com informações do governo do Paraná, o caminho existe desde 1924. O trecho liga os municípios de Serranópolis do Iguaçu e Capanema. Sem a estrada, os moradores dessas localidades têm de percorrer um caminho de 200 quilômetros para ir de uma cidade a outra, contornando o Parque.
Ambientalistas, no entanto, alegam que o caminho divide a reserva ecológica e impede a livre circulação dos animais de um lado para o outro. Este fator, segundo argumentam, poderia levar à extinção de certas espécies que necessitam de área ampla para sobreviver.
O prefeito de Serranópolis do Iguaçu, José Arlindo, anfitrião nesta sexta-feira, está animado com o Projeto de Lei do deputado Assis do Couto e com o trabalho da Comissão Especial.
“O assunto pelo menos voltou à pauta, está novamente na ordem do dia”, frisa Arlindo, para quem “reabrir na forma de uma estrada-parque é medida fundamental para a preservação do Parque Nacional e a educação ambiental das crianças, jovens e adultos”.
Para José Arlindo, o fechamento da estrada, além de facilitar a ação de caçadores e extrativistas de madeira e palmito, “sacrificou a economia regional”. Ele acredita que haverá expressiva participação na audiência pública.