Audiência do salário mínimo termina em confusão

A audiência pública para debater o projeto que reajusta o piso regional não chegou ao fim, ontem, no plenário da Assembleia Legislativa. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Durval Amaral (DEM), interrompeu a audiência quarenta minutos depois do seu início quando trabalhadores ligados à Força Sindical, que ocupavam as galerias, vaiaram a presidente da Associação Comercial do Paraná, Avani Rodrigues, que considera elevado o índice de reajuste do salário mínimo proposto pelo governo e defendeu a livre negociação entre empregados e patrões.

A proposta corrige o piso entre 9,5% e 21,5%, variando entre R$ 663 e R$ 765, dependendo do setor de atividade, e vale para os trabalhadores de categorias que não dispõem de acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Amaral também anunciou que estão canceladas as reuniões que estavam agendadas para Londrina e Maringá, na próxima semana. “Eu não presidirei mais nenhuma audiência. Esses baderneiros, que não representam de verdade os trabalhadores, não respeitaram quem estava usando a palavra”, afirmou o presidente da CCJ, que também foi vaiado pelo público que considerou que ele estava concedendo mais tempo do que os cinco minutos combinados para os representantes dos empregadores contrários ao piso.

O líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), que estava ao lado de Amaral na mesa que coordenava a audiência, disse que faltou habilidade ao presidente da CCJ.

“Ele deveria saber que o processo democrático é assim mesmo. Alguns oradores vão receber manifestação de aplausos e outros de reprovação”, afirmou. Se Amaral não quiser mais fazer as audiências públicas, Romanelli avisou que irá antecipar a apresentação do seu parecer ao projeto na Comissão de Constituição e Justiça.

Antes de ser vaiada, a presidente da Associação Comercial também havia extrapolado o tempo de cinco minutos para criticar declarações feitas por alguns deputados, após a primeira das audiências, realizada em Foz do Iguaçu, na semana passada, quando afirmaram que votariam favoravelmente ao projeto, independente dos argumentos contrários dos empresários.

“Se já estava tudo decidido, então, não entendo por que nos chamam para participar das audiências”, protestou a empresária, que havia começado seu discurso afirmando que se sentia pouco à vontade para expor sua posição.

O presidente da Força Sindical, Sérgio Butka, que havia defendido a proposta, antes da presidente da ACP, reagiu à interrupção da audiência. “Isso aí foi um pretexto para tentar derrubar o piso. Eles não tinham mais argumento contra e resolveram acabar com o debate”, afirmou.

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Paraná, Helio Pampi, e o presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná, Ardisson Naim Akel, defenderam negociações salariais específicas para cada um dos setores da economia – indústria, comércio e serviços e agricultura. “Cada setor produtivo deve sentar com os sindicatos e fazer um acordo coletivo de acordo com as especificidades de cada área”, disse o representante da Fiep.

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