O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho, afirmou ao Grupo Estado que não houve qualquer ilegalidade na atuação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e da mulher dele, a subprocuradora Cláudia Sampaio Marques, nas investigações da Operação Vegas. A Polícia Federal divulgou na segunda-feira à noite nota em que diz que Cláudia “segurou” as apurações que apontavam para o envolvimento de parlamentares com Carlinhos Cachoeira.
A subprocuradora disse, em entrevista ao Grupo Estado, que a decisão de segurar a investigação foi tomada “em conjunto” com o delegado da PF Raul Alexandre Marques Sousa, responsável pela Operação Vegas.
Camanho disse que não há motivo para convocar Gurgel ou Cláudia. “Vai se chamar o procurador-geral a que título? Como depoente? Não pode porque ele é o destinatário da investigação, ele teria de se declarar impedido. Como investigado? Ele é investigado em relação a quê?”, questionou o presidente da associação dos procuradores.
Segundo Camanho, faz parte da atuação do MP avaliar a conveniência de se seguir adiante ou não com determinada investigação, como foi o caso da Vegas. Para ele, se há alguma dúvida sobre a atuação dos procuradores, o foro adequado para questioná-los não é a CPI. “Se houvesse a perspectiva de cometimento de crime, o foro adequado é o próprio Senado, que apura crime de responsabilidade”, disse.
O presidente da associação afirmou esperar que a CPI “reencontre rapidamente o caminho para a qual ela foi criada”, que é investigar a atuação de Cachoeira com agentes públicos e privados. “Quanto mais rápida a comissão retomar o foco, ela estará assim prestando serviços ao País”, ressaltou.