A decisão do presidente em exercício, Michel Temer, de manter no cargo o ministro da Transparência, Fabiano Silveira, após divulgação de diálogos em que reclama da operação Lava Jato e dá conselhos a investigados, tem rendido fortes críticas na base aliada do governo. O tucano Ricardo Ferraço (PSDB-ES) também pediu a saída do ministro.
“Fabiano Silveira deveria ter colocado o cargo de ministro à disposição e Temer deveria tê-lo demitido”, disse Ferraço. Segundo o tucano, a atitude de Silveira, que foi revelada no diálogo, é incompatível com o cargo de conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que exercia na época e, “evidentemente, com o cargo de ministro”.
Ele cobrou uma atitude mais enérgica do presidente em exercício e criticou sua decisão de manter o ministro. “O presidente Temer está errando em não ser absolutamente cartesiano nessas decisões. O governo dele tem que ser marcado pela diferença e não pelas mesmices.”
Ferraço defendeu que o governo Temer se diferencie do governo anterior, da presidente afastada Dilma Rousseff. “Todo o sentimento de afastamento da presidente Dilma foi na direção que houvesse mudança nessas práticas”, disse.
O ministro Fabiano Silveira assumiu a pasta da Transparência há menos de um mês, quando Michel Temer assumiu o governo interino e extinguiu a Controladoria Geral da União (CGU), confiando suas funções à nova pasta. Silveira, que é funcionário de carreira do Senado, foi flagrado em um áudio gravado pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na conversa, Silveira faz críticas à condução da Lava Jato pela Procuradoria e dá conselhos a investigados na operação.