O confronto ocorrido na última terça-feira, 14, entre índios e fazendeiros na terra indígena Dourados-Amambaipegua I, no município de Caarapó, no Mato Grosso do Sul, foi denunciado nesta quarta-feira, 15, em um evento sobre desmatamento que acontece em Oslo, na Noruega.

continua após a publicidade

A divulgação dos atos de barbárie que resultaram na morte de um índio e que deixaram vários feridos, entre eles crianças, foi feita por Joênia Wapixana, primeira advogada indígena brasileira, durante o evento Oslo Redd Exchange 2016, que discute formas de combate ao desmatamento. O evento organizado pelo governo da Noruega recebe representantes de governos e organizações de 35 países.

A vítima fatal do conflito sangrento deflagrado por fazendeiros na região é Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos, que era agente de saúde indígena. O menino indígena Josiel Benites, de apenas 12 anos, está entre os que foram baleados. Josiel Benites foi socorrido e encaminhado para o Hospital da Vida, no município vizinho de Dourados.

continua após a publicidade

Além do menino guarani-kaiowá, pelo menos mais três vítimas estão em estado grave: Nurivaldo Mendes, 37 anos, com tiros no tórax e abdômen; Lipércio Marques Daniel, 42 anos, com tiros na cabeça, tórax e abdômen; e uma última pessoa identificada apenas como Jesus, de 29 anos, com um tiro na barriga.

continua após a publicidade

A situação ainda é tensa na região, onde os conflitos são recorrentes. A Fundação Nacional do Índio (Funai) divulgou nota lamentando a morte do agente de saúde indígena. “A instituição manifesta sua solidariedade ao povo indígena guarani-kaiowá e o compromisso de atuar na mobilização das autoridades de segurança objetivando a apuração de responsabilidades pelo óbito e pela lesão aos indígenas que se encontram feridos”, declarou a entidade.

A Funai informou que dialoga com o Ministério da Justiça, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal para uma intervenção imediata na contenção do conflito na região. “Os guarani-kaiowá lutam há décadas pela regularização fundiária de seus territórios de ocupação tradicional, e a Funai condena toda e qualquer reação desproporcional embasada em atos de força e de violência contra o povo indígena”, afirma a fundação.