A proposta de investigar ONGs (organizações não governamentais) será levada adiante pela comissão de Fiscalização da Assembléia Legislativa. Embora governistas e oposicionistas tenham decidido na segunda-feira, 2, pelo fim das seis comissões parlamentares de inquérito que haviam sido protocoladas na Assembléia, o presidente da comissão de Fiscalização, deputado Artagão Júnior, informou ontem que vai pedir ao autor da CPI, deputado Fábio Camargo (PTB), que entregue os documentos que possui sobre irregularidades nas atividades das ONGs.
A decisão tomada por Artagão agradou Camargo, que disse ontem possuir uma grande quantidade de documentos sobre irregularidades de ONGs. ?A manobra que fizeram para enterrar a CPI não deverá surtir efeito. Há políticos, partidos e milhões de reais envolvidos, o que vai vir à tona na Comissão de Fiscalização?, disse. A Comissão de Fiscalização se reúne na próxima semana para iniciar as investigações.
Segundo Camargo, o objetivo é trazer à tona ONGs envolvidas em irregularidades. ?Como disse o presidente da Assembléia, Nelson Justus, as comissões agora têm mais poderes que as CPIs. Hoje não tem município que não trabalhe com ONGs. Isso está enraizado?, afirmou o deputado, lembrando que o trabalho da comissão deverá, além de punir os maus gestores, beneficiar as entidades sérias.
O deputado não quis divulgar nomes, citando somente supostas irregularidades na Secretaria do Trabalho, da época em que o petista Padre Roque esteve na direção da pasta. Camargo informou também que visitou ontem o Ministério Público e conversou com promotores para que fizessem um trabalho conjunto.
Na condição de suplente do deputado Jocelito Canto (PTB) na Comissão de Fiscalização, Camargo conseguiu garantir sua participação nos trabalhos. Canto abriu mão da vaga para Camargo, enquanto durar as investigações sobre ONGs. O próximo passo do deputado agora será o de reivindicar a relatoria na comissão.
Em resposta a declarações de Camargo, que afirmou saber da participação de petistas envolvidos em supostas irregularidades com ONGs, o líder da bancada do PT na Assembléia, Elton Welter, afirmou que as denúncias precisam ser acompanhadas de provas e fatos. ?Não temos medo de apurar nada. Só não dá para brincar com a inteligência do povo. Até agora não vi elementos das denúncias e é preciso algo mais concreto?, declarou.
O argumento oficial para acabar com as CPIs foi que a primeira delas na ordem de instalação, a que pretendia investigar ONGs, não teria um foco determinado e que as outras cinco poderiam ser encaminhadas para análise das comissões permanentes da Casa.