A Assembléia Legislativa aprovou ontem, em primeira discussão, a criação do Fundo de Justiça, que irá financiar o processo de estatização dos cartórios do foro judicial.

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Os deputados também aprovaram o remanejamento de cerca de R$ 4,8 milhões, o equivalente a 48% da receita do Fundo de Reequipamento do Poder Judiciário (Funrejus) para o novo fundo.

Esta quota será retirada do Fundo Penitenciário, que será assumido pelo governo do Estado. O projeto vai para a análise da Comissão de Finanças e retorna ao plenário na próxima semana.

Em reunião com os deputados integrantes da Comissão de Constituição e Justiça, o vice-presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Antônio Lopes de Noronha, afirmou que a principal receita do fundo será proveniente do lucro atual dos titulares dos cartórios judiciais. Ele não soube informar o volume movimentado atualmente pelos concessionários privados.

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Este foi um dos questionamentos feitos pelos deputados durante a reunião. O deputado Tadeu Veneri (PT) apresentou, durante a reunião, dois requerimentos que foram anexados ao parecer ao projeto, requisitando informações sobre o valor total arrecadado com a taxa judiciária nos últimos doze meses e se há previsão de ingresso de recursos de outras esferas governamentais para o fundo que está sendo criado. O deputado também pediu informações sobre a previsão orçamentária de 2009 para o fundo, cujo aporte inicial de recursos é de R$ 1 milhão.

Sem mudanças

O deputado Valdir Rossoni (PSDB) disse que, apesar das explicações de Noronha, ainda está preocupado com o impacto da mudança de regime dos cartórios no valor das custas judiciais (procedimentos feitos juntos aos cartórios) que são pagas pelo contribuinte.

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“Será que as receitas que estão sendo estatizadas vão cobrir as despesas que atualmente são custeadas pela iniciativa privada?”, questionou. Rossoni acha que a passagem dos cartórios para o controle do poder público pode acarretar um aumento na estrutura, e conseqüentemente, nos custos do sistema.

Na CCJ, Noronha afirmou que o TJ não fez ainda este estudo sobre os valores das taxas. Para o relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça, deputado Caito Quintana (PMDB), disse que não há razão para acreditar em reajuste de custas. “Esses cartórios geram receita e depois, somente serão estatizados agora aqueles que foram criados depois de 2003 e ficaram vagos”, afirmou.

De acordo com as explicações de Noronha, a medida não será aplicada desde 1988, quando a nova Constituição Federal determinou a estatização. O vice-presidente do TJ citou que 64 cartórios foram criados na reforma do Código de Organização e Divisão Judiciárias e outros 24 foram declarados vagos depois de 2003, totalizando 88 serventias que passarão a ser administradas pelo Judiciário.