Lei

Assembleia acaba com fumódromos no Paraná

A criação de áreas especiais para fumantes – os chamados fumódromos – está proibida no Paraná, conforme o texto da Lei Antifumo aprovada na sessão de ontem à tarde, na Assembleia Legislativa.

Por 37 votos a 10, os deputados estaduais aprovaram a lei que proíbe o uso do fumo em ambientes fechados de uso coletivo no Estado. Na votação da emenda dos fumódromos, dos 46 deputados presentes à sessão naquele momento, 10 foram a favor e 36 se posicionaram contra a proposta do deputado estadual Reinhold Stephanes Junior (PMDB).

A decisão foi recebida com protestos por representantes de bares e restaurantes e plantadores de fumo, que veem na lei uma ameaça à sobrevivência da atividade. Do outro lado das galerias estavam os representantes de associações médicas e outros movimentos que defendiam o fim dos fumódromos.

Na tribuna, sucederam-se os deputados favoráveis à proibição, cujo principal argumento é que o consumo de cigarros e outros produtos derivados do tabaco prejudica a saúde.

As vaias acompanharam os pronunciamentos dos deputados, que votaram o substitutivo geral da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em que foram condensados quatro projetos de lei: um de autoria do governo e outros três apresentados pelos deputados Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), Antonio Belinati (PP) e Stephanes Junior.

Vaiados pelos produtores de fumo, os deputados favoráveis à proibição defenderam a adoção de um programa de incentivo para que os fumicultores possam migrar para outras atividades. “Precisamos encontrar uma alternativa para estes agricultores”, disse o deputado Valdir Rossoni (PSDB), que votou contra os fumódromos.

Sob pressão

Além das ruidosas pressões das galerias sobre o plenário, os deputados favoráveis à liberação das áreas especiais para fumantes denunciaram que a liderança do governo também atuou nos bastidores para derrotar as emendas que permitiam os fumódromos, ameaçando interromper a liberação de obras e recursos para os municípios das bases eleitorais dos que se posicionassem a favor da mudança na lei.

“Os deputados não deveriam aceitar este tipo de pressão, que não é legítima. As pressões devem ser feitas sobre ideias e não com este tipo de ameaça”, afirmou Stephanes Junior. Algumas das ausências em plenário seriam resultado dessa pressão, afirmou Stephanes Junior.

Romanelli rebateu. Disse que cada deputado tem livre arbítrio e que se tratava “de uma luta entre a saúde publica e o interesse econômico: o bem e o mal”. O líder do governo disse que nunca teve a prática de pressionar ou ameaçar deputados e que jamais terá.

Vários deputados não estavam presentes na votação da polêmica emenda dos fumódromos: Fábio Camargo (PTB), Milton Puppio (PSDB), Jonas Guimarães (PMDB), Caito Quintana (PMDB), Dr. Batista (PMN), Luiz Fernandes Litro (PSDB) e Luciana Rafagnin (PT).

Qualquer denúncia pode gerar autuação

A Assembleia também recusou a emenda que permitiria o fumo em varandas e terraços. O recurso do deputado Stephanes Junior para que a emenda fosse apreciada pelo plenário foi rejeitado.

Também não passou a emenda que exigia fiscalização presencial no local e que condicionava a punição ao flagrante pelo agente de fiscalização. Pelo texto aprovado, qualquer denúncia por telefone poderá gerar a autuação.

A Casa aceitou a emenda da bancada do PT que isentava o fumante de punição. Pelo texto aprovado, apenas o estabelecimento que permitir o consumo de fumo será multado.

O fumante que insistir em descumprir a determinação poderá ser retirado do local com uso de força policial. A multa prevista para o estabelecimento que permitir o fumo é de R$ 5,8 mil.

Também foram aprovadas a emenda que dá 60 dias de prazo para que os estabelecimentos possam adequar-se à lei, que proíbe o fumo em carros que transportem crianças ou gestantes, que proíbe o “cigarro eletrônico” e que obrigam o estado a pagar tratamento para a pessoa que quiser deixar de fumar.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), Fabio Aguayo, disse que aguardará a redação final da lei para, depois, recorrer à Justiça, questionando sua constitucionalidade.

Aguayo disse ter detectado vários problemas na lei e nas emendas aprovadas, mas disse que dois pontos em especial levarão ao questionamento: a existência de uma lei estadual e uma municipal, para o caso de Curitiba, com multas distintas (R$ 1 mil em Curitiba e R$ 5,8 mil no Estado), expondo os empresários ao risco de serem punidos duas vezes pela mesma infração; e a possibilidade de se denunciar por telefone e o estabelecimento ser punido sem o flagrante do agente fiscalizador (vigilância sanitária ou defesa do consumidor). “Essa é uma brecha muito grave que a Assembleia deixou. Não existe como ser punido sem prova. Poderá gerar uma série de denúncias falsas”, alertou.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna