O governador afastado José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) passa o dia escrevendo cartas na cela da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília. Em alguns manuscritos, ele cita integrantes da alta cúpula do DEM e de outros partidos e as relações que mantiveram com o governo do Distrito Federal. São documentos entregues a amigos e familiares. Ninguém diz se são meras menções ou acusações contra antigos aliados.
Esse assunto entrou em discussão na reunião com os advogados, no sábado à noite. A avaliação de todos foi de que, por enquanto, não há motivos para Arruda disparar a sua metralhadora política contra os adversários. Isso poderia atrapalhar os planos de tirá-lo da cadeia a curto prazo, já que o governador seria interpretado pela Justiça como um preso chantagista.
Levantou-se então a possibilidade de ele contar o que sabe, caso saia da prisão. Porém, Arruda não se convenceu ainda de que esse é o caminho ideal para sair da crise em que mergulhou desde novembro passado, quando estourou a Operação Caixa de Pandora, que revelou o “mensalão do DEM”.
Na ocasião, vieram à tona gravações em vídeo nas quais vários e importantes personagens políticos da capital federal – incluindo o próprio governador – apareciam em situações constrangedoras: recebendo dinheiro de suposta propina, contando e escondendo os maços.