Os cantores e compositores Arnaldo Antunes e Otto apresentaram-se nesta quarta, 18, sob os pilotis do Palácio Gustavo Capanema, sede do Ministério da Educação no Rio, em apoio à ocupação iniciada na segunda-feira passada, como forma de protesto contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Anunciado, Caetano Veloso decepcionou quem o esperava. O artista não havia aparecido até as 18h30. Mas seu show foi remarcado para a sexta-feira, 20, que terá também Erasmo Carlos. Na quinta-feira, 19, a partir de 16h, terá apresentação Lenine, Frejat, Pedro Luiz e Leoni.
O primeiro a se apresentar foi Arnaldo Antunes. Em show rápido, ele mais declamou poemas do que cantou. Otto veio a seguir. Antes de cantar, ele criticou o que definiu como “golpe” contra a presidente afastada.
“Foi um desrespeito aos eleitores, um golpe contra uma mulher honesta”, afirmou Otto, após ressaltar que não defende o PT, mas o sistema democrático.
O cantor pernambucano disse ser amigo de dois ministros nomeados pelo presidente em exercício Michel Temer: Mendonça Filho, da Educação, e Bruno Araújo, das Cidades. “Mas eles estão de um lado e eu, de outro”.
Questionado se Mendonça Filho tem capacidade para ocupar o cargo que assumiu, Otto afirmou que “o problema não é nem de capacidade, mas de legitimidade”. Depois da apresentação de Otto, subiram ao palco os integrantes da equipe de som Digital Dubs.
Os ocupantes do Capanema anunciam uma série de shows de apoio ao movimento. Segundo a programação divulgada nesta quarta, 18, a partir das 16h desta quinta, 19, estarão se apresentando os cantores Lenine, Frejat, Pedro Luís e Leoni no palco montado debaixo dos pilotis do prédio, um dos marcos arquitetônicos do Rio.
O movimento Ocupa MinC RJ é integrado por profissionais do setor cultural que defendem o fim do governo Temer. Eles divulgaram que não se manifestarão sobre a escolha do diplomata Marcelo Calero para a nova Secretaria Nacional de Cultura, subordinada ao Ministério da Educação.
“Não reconhecemos nenhum integrante desse governo golpista, seja quem for”, disse uma das líderes do movimento, que pediu para ser identificada apenas como representante do Ocupa MinC RJ. “Todos nós, que organizamos esse protesto, falamos não individualmente, mas em nome dele”, justificou.
“Se o secretário quiser visitar a ocupação como cidadão, poderemos recebê-lo, como a qualquer pessoa. Mas jamais vamos negociar qualquer coisa com ele. Só sairemos daqui quando esse governo cair”, afirmou a anônima militante.
Cerca de 50 manifestantes estão instalados no segundo andar do palácio. Eles receberam doações de mantimentos, colchões e produtos de limpeza. Ao longo do dia realizam atividades culturais, como projeção de filmes, encenações teatrais e shows de música. A maioria das atividades tem ocorrido no mezanino da edificação.
No segundo andar do prédio, os ocupantes montaram uma espécie de escritório, onde os líderes do movimento se reúnem para definir as atividades e onde as pessoas – desde que autorizadas e após preencher um registro com nome, número da identidade e telefone – passam a noite. No mezanino ocorrem sessões de cinema, encenações teatrais e debates. O local também é usado para a confecção de faixas e cartazes. O prédio está sendo restaurado, mas o acesso é livre desde a manhã até as 17h30. Depois, só entram funcionários e pessoas autorizadas pelo movimento Ocupa MinC RJ.