O governo argentino começa nesta segunda-feira a discutir com os empresários de diferentes segmentos uma proposta de negociações entre o Mercosul e a União Europeia com vistas a um acordo de livre-comércio entre as duas regiões. Posteriormente, a Argentina vai discutir com o Brasil e os demais sócios do Mercosul a “harmonização” das propostas para realizar a oferta à UE. A Argentina trabalha com um universo de 75% do comércio de setores menos sensíveis, podendo chegar a 85%, dependendo dos termos das conversas com o Brasil e com os empresários locais, segundo fontes oficiais. Negociadores dos dois países também deverão manter conversas nos próximos dias.

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Os empresários argentinos vão discutir o assunto com a ministra de Indústria, Débora Giorgi, o secretário de Relações Econômicas Internacionais, Augusto Costa, o ministro de Agricultura, Norberto Yauhar, e a secretária de Comércio Exterior, Beatriz Paglieri. As autoridades vão entregar aos empresários documentos contendo detalhes e as implicações de um acordo de livre-comércio. Eles terão até 15 de outubro para apresentar suas listas de abertura de mercados, redução de alíquotas, prazos e indicar os produtos que devem ser excluídos do acordo, indicou uma das fontes ouvidas.

Empresários do setor industrial exportador, ligados à União Industrial Argentina (UIA), estão animados com a possibilidade de avançar na abertura do comércio. “Estamos muito interessados e eu vou pessoalmente participar da reunião como gesto para demonstrar o quanto é importante um avanço nesta direção”, disse à Agência Estado o vice-presidente da UIA e presidente da Associação de Fábricas de Automotores (Adefa), equivalente à brasileira Anfavea, Cristiano Rattazzi.

Segundo ele, as indústrias de automóveis e de alimentos são as mais interessadas em um acordo porque precisam conquistar mercados. “Estou otimista por começarmos a delinear algo, especialmente porque estes dois setores respondem por 50% do PIB industrial do país e precisa se abrir”, afirmou Rattazzi.

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Desconfiança

Empresários de outros segmentos, que preferem não ser identificados, também se mostram entusiasmados, mas bastante desconfiados. “Este governo nunca mostrou vocação negociadora nestes últimos dez anos e acredito ser difícil uma mudança agora. Acho que a proposta argentina seria muito conservadora”, afirmou um deles.

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Outro ponderou que “a decisão séria do Brasil de avançar concretamente” no livre-comércio com a Europa poderia favorecer uma flexibilidade por parte do governo argentino, sempre tão reticente a fazer concessões.