O novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, assumiu nesta tarde de quinta-feira, 17, o posto com pedido de “vigilância” contra discursos de criminalização da política. De acordo com ele, que é subprocurador-geral da República, o descredenciamento da classe política é prejudicial à democracia. “Não existe ninguém neste País com o monopólio da moralidade e da salvação da pátria”, afirmou Aragão em cerimônia de transmissão de cargo no Ministério da Justiça, após a posse oficial no Planalto.

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“A criminalização da política é a criminalização da democracia, estejamos vigilantes. A classe política é a nossa imagem, se ela tem defeitos é porque nós temos defeitos também”, disse Aragão.

Manifestações realizadas no domingo rejeitaram a figura de lideranças políticas. Nas ruas, manifestantes protestaram contra o governo e a favor do impeachment, mas também hostilizaram lideranças da oposição que participaram dos protestos. A posse de Aragão aconteceu nesta manhã, junto com a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como novo ministro da Casa Civil. Em frente ao Planalto, manifestantes pró e contra a nomeação de Lula se concentraram, separados por barreira policial.

“Olhemos para eles (políticos) e olhemos para nós no espelho antes de lançar a primeira pedra. Respeito a todos”, disse o novo ministro, que assume após Wellington César, escolhido para a pasta, ter pedido demissão em 11 dias por conta da decisão do Supremo Tribunal Federal que o impediu de acumular a função com sua carreira no Ministério Público.

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Nome aclamado no PT, Aragão rebateu críticas de que nas eleições de 2014 teve atuação governista enquanto esteve à frente da vice-procuradoria-geral eleitoral, por designação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “Quem quiser pode conferir as estatísticas e vai verificar que não temos um ponto fora da curva, todos os partidos foram tratados com a mesma régua. E o fizemos porque temos um grande respeito pela classe política deste País. Quem não respeita a classe política não respeita a democracia”, disse Aragão.

Em discurso no Ministério da Justiça, Aragão afirmou que irá “construir pontes” e criticou o uso das redes sociais para “descredenciamento” de personalidades. “Essa cultura do impulso, do descredenciamento do outro, é que está infelizmente hoje enterrando nossa democracia. Aqui vamos tentar reconstruir pontes, o mais importante é recompor esse tecido esgarçado da alteridade. Nós vamos falar com todo mundo”, afirmou Aragão. Segundo ele, as “portas estarão abertas” tanto para os que estão “do nosso lado” como para os que são contrários ao governo Dilma.

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Oriundo do Ministério Público, Aragão chamou de “briga paroquial” divergências entre a instituição e a Polícia Federal e fez crítica enfática às corporações. “Do ponto de vista da cidadania, tanto faz quem faz a investigação criminal, desde que o faça com observância das garantias fundamentais (…) Não interessa à sociedade saber se é o MP ou a Polícia que vai fazer isso. Essa é uma briga paroquial e essa briga paroquial para nós não tem importância”, disse Aragão.