Os integrantes da força-tarefa da Polícia Federal que coordenam os trabalhos da operação Lava Jato lamentaram, mas disseram que era esperada, a descoberta de que esquemas de corrupção se estendem para além da Petrobras – sem ligação direta com os desvios na estatal.
Em entrevista coletiva no final da manhã desta sexta-feira, 10, o delegado Igor Romário de Paula lembrou que a operação já é reconhecida nacionalmente por apurar o maior caso de corrupção da história do País. “Sabíamos que certamente não ia ficar circunscrito à Petrobras. Parece que estamos diante de um modelo de negócio que é repetido no Brasil nas contratações do setor público”, afirmou o delegado.
O procurador Carlos Fernando Lima corroborou a fala do delegado explicando que a força-tarefa já sabia que chegaria a outras empresas e órgãos públicos, além da Petrobras. “A operação já dura um ano, mas estamos ainda no começo. A investigação vai nos levar a mares nunca d’antes navegados”, afirmou. O procurador fez ainda um apelo à mídia para dar apoio à divulgação do trabalho da PF e do Ministério Público Federal para evitar que ele se perca nas etapas do Judiciário. “Essa investigação não pode morrer em processos intermináveis na Justiça. Precisamos de apoio”, disse ao argumentar que eventuais condenações precisam transitar em julgado para não haver impunidade.
Paulo Roberto
Lima afirmou que o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, um dos delatores da Lava Jato, não admitiu superfaturamento nos depoimentos, mas que, para a força-tarefa, isso é evidentemente falso. O procurador relatou que, segundo Costa, os 3% desviados de contratos firmados entre Petrobrás e empreiteiras para diretores da estatal e partidos saíam da margem de lucro das empresas e que os preços eram compostos de “forma justa”. “A verdade é que esses 3% repassados para a ‘Casa’ e para agentes políticos são custo e saíram dos cofres da Petrobrás de qualquer maneira.”
O procurador disse ainda que, apesar de se saber que a corrupção vai além da Petrobrás, a estatal é provavelmente a principal vítima. Os integrantes da força-tarefa disseram que é difícil fazer uma estimativa com precisão, mas que hoje, com base nos valores recuperados, é possível falar em um ressarcimento de R$ 1 bilhão à estatal. “Isso ainda é pouco perto de tudo que foi desviado”, comentou Lima.