A sinalização de apoio do governador Geraldo Alckmin ao empresário João Doria Jr., um dos pré-candidatos do PSDB à Prefeitura de São Paulo no ano que vem, acirrou a disputa interna na sigla pela vaga e abriu uma nova uma crise entre tucanos.

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Em um jantar na semana passada em homenagem a Doria, na casa do empresário Flávio Rocha, da Riachuelo, o governador disse que ficaria “muito feliz” se chegasse o tempo do empresário “trabalhar para São Paulo”. No dia seguinte, o apoio não foi desmentido e Alckmin ainda participou de outro jantar em homenagem ao amigo em um restaurante na capital.

Até então considerado um “azarão” na disputa, o empresário passou a ser tratado como o “ungido” pelo governador paulista, que ainda evitava qualquer tipo de manifestação, pública ou privada, de apoio a algum dos postulantes.

“A impressão que fica é que o Geraldo Alckmin de fato apoia o Doria Jr. Isso não me incomoda. Além da base, existem outras lideranças fortes e quem tem voto em São Paulo”, diz o vereador Andrea Matarazzo, também inscrito nas prévias. A disputa está marcada para o fim de fevereiro.

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Além de ter recebido o apoio de todos os vereadores tucanos da capital, Matarazzo também conta com a retaguarda do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dos senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira e do ex-governador paulista Alberto Goldman, que é vice-presidente nacional do PSDB.

A movimentação de Matarazzo para se viabilizar como candidato desagradou auxiliares do governador. Segundo esses aliados, Alckmin se ressentiu por não ter sido consultado antes de o vereador participar, em setembro, de um jantar de lançamento na casa do ex-ministro da Justiça José Gregori.

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Participaram do evento, além de Gregori e Matarazzo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Aloysio Nunes, José Serra, vereadores tucanos da capital e deputados federais como Silvio Torres, secretário-geral do PSDB, Mara Gabrilli e Samuel Moreira.

Aliados do governador também reprovaram a movimentação do diretório municipal do PSDB para antecipar as prévias do partido, o que acabou não acontecendo.

Heterodoxo. Foi o ex-governador Alberto Goldman quem adotou o tom mais duro contra o empresário Doria. “João Doria adota métodos heterodoxos para ser candidato”, disse. Questionado sobre quais seriam esses métodos, Goldman desconversou. “São aqueles que não são ortodoxos.”

Ele questionou, ainda, se o governador está de fato apoiando João Doria. “Ele (Doria) faz o possível para parecer que o governador o apoia. Sabemos da amizade entre eles, mas não houve uma declaração clara.”

Outro postulante à vaga de candidato, o deputado federal Ricardo Tripoli também relativiza o suposto apoio. “Não vi a declaração como apoio, mas como um gesto de gentileza.”

João Doria, que é filiado desde o começo da década ao PSDB, mas nunca teve vida orgânica na legenda, minimiza as críticas. “Meu método é o trabalho”, diz, em referência à insinuação feita por Goldman. Ele garante que conta com o apoio efetivo de Alckmin.

“O governador é a maior autoridade política do PSDB em São Paulo. Os que não querem acreditar no que ele diz, nos seus gestos e nas suas atitudes, não reconhecem o valor dele.”

Nomes. Até o momento, os únicos nomes oficialmente inscritos na eleição interna do PSDB são Doria e Matarazzo. Em paralelo, porém, os deputados Bruno Covas e Ricardo Tripoli e o ex-deputado José Aníbal selaram um acordo pelo qual um deles será inscrito e receberá o apoio dos demais.

Em caráter reservado, tucanos com trânsito no Palácio dos Bandeirantes dizem que a insistência de João Doria em dizer publicamente que conta com o apoio do governador estaria constrangendo o partido. Por essa versão, Alckmin teria ido ao almoço com Doria na semana passada achando que se tratava de seu aniversário.

O convite do evento, porém, deixava claro que se tratava de uma “homenagem”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.