Com uma nítida mudança de postura nas redes sociais, evidenciada no domingo quando o presidente Michel Temer divulgou uma foto com seu cachorro Thor e foi alvo de muitas críticas, o presidente voltou a demonstrar descontração nesta terça-feira, 17, nas redes sociais ao publicar trechos de sua conversa com um repórter do jornal O Globo, após ter tido o seu número disponibilizado junto com documentos e vídeos de delatores da Lava Jato.

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“Quando atender o telefone, não diga alô. Diga Alô, Temer. #FaleComOPresidente”, escreveu Temer junto com o vídeo em que mostra parte do diálogo ao ser surpreendido pelo repórter no telefone.

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Apesar da brincadeira e da hashtag #FalecomOpresidente, a assessoria de imprensa do Planalto confirmou que o presidente já mudou o número de sua linha. A divulgação dos vídeos da delação de Funaro, disponibilizados no portal da Câmara dos Deputados no fim de setembro, levou a um bate-boca público entre o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o advogado do presidente, Eduardo Carnelós, durante o fim de semana. Durante o fim de semana, Temer passou a elaborar o que, segundo interlocutores seria um artigo, mas virou uma carta aos parlamentares na qual o presidente se diz vítima de uma conspiração para lhe tirar a cadeira presidencial.

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No documento, Temer diz que “tem sido vítima de torpezas e vilezas que pouco a pouco, e agora até mais rapidamente, têm vindo à luz”. “Jamais poderia acreditar que houvesse uma conspiração para me derrubar da Presidência da República. Mas os fatos me convenceram. E são incontestáveis”, diz o presidente, citando o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, o empresário e delator Joesley Batista, o ex-procurador Marcelo Miller e o advogado Willer Tomaz. “Tudo combinado, tudo ajustado, tudo acertado, com o objetivo de livrar-se de qualquer penalidade e derrubar o presidente da República”, afirma Temer.

Embora afirme que a carta é também um “desabafo”, com críticas dirigidas a Janot e aos delatores Joesley Batista e Lúcio Funaro, a acusação de conspiração ocorre em meio a uma crise com Maia, que é o substituto do presidente em caso de afastamento.

De acordo com interlocutores do Planalto, a carta de Temer, na prática, tem como alvo também o Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por enviar para a Câmara os áudios da delação de Funaro, que estariam sob sigilo.