O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, que estava a caminho do Timor Leste, onde participaria da posse o presidente eleito, Francisco Guterres Lu-Olo, e das cerimônias do 15.º aniversário da independência do país, decidiu suspender a viagem e retornar ao Brasil.

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Etchegoyen estava em Nova Délhi, em escala para seguir para o Timor, quando foi informado das notícias da delação do presidente da JBS, Joesley Batista, que teria acusado o presidente Temer de ter dado aval para manter o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ainda na noite de quarta-feira, 17, o general falou com o presidente e o comunicou que estava voltando. A previsão é de que ele desembarque em Brasília na sexta-feira pela manhã.

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O Planalto amanheceu com militares do Exército protegendo o prédio e reforço na segurança. O presidente Temer se reuniu na quarta à noite com ministros e seus principais assessores e continuou conversando com eles até tarde da noite.

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Temer tenta dar “ar de normalidade” ao governo e vai continuar trabalhando, embora o dia seja de intensas negociações em relação ao seu futuro e esta normalidade esteja longe de ser alcançada, já que a tensão e a incerteza tomam conta do palácio.

O presidente, que tinha uma agenda extensa de reunião com parlamentares para aparentar “normalidade”, desistiu dos compromissos e está reunido neste momento com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-geral da Presidência). Segundo fontes do Planalto, o grupo e outros auxiliares do presidente, está discutindo os desdobramentos da delação de Joesley Batista e avaliando a possibilidade de um pronunciamento de Temer.

Por enquanto, foram colocada no ar, pelas redes sociais, mensagens de quatro dos seus principais interlocutores: o líder do governo no Senado, Romero Jucá, e os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha; da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy; e da Secretaria-geral da presidência, Moreira Franco.

Perplexidade e intranquilidade

Este assunto será objeto de discussão ao longo do dia. No Planalto, permanece a perplexidade e intranquilidade entre auxiliares do presidente, diante da surpresa das revelações e o clima é de desolação. O pior, de acordo com um dos interlocutores, é a incerteza sobre o que acontecerá. Temer soltou uma nota oficial na noite de quarta por meio da Secretaria de Comunicação da Presidência, dizendo que, de fato se encontrou com Joesley Batista, mas negou ter comprado silêncio do ex-presidente da Câmara.

Neste momento, o discurso no Planalto é que “não só o presidente Temer, mas todos querem ver a íntegra da gravação feita pelo presidente da JBS”, justificando que “a conversa não foi nos termos” que está sendo divulgado. Auxiliares diretos do presidente dizem que, em nenhum momento, ele falou em renúncia e que essa discussão não está na mesa.

Insistem ainda que o presidente Temer vai continuar “tocando a vida” e que “tudo será esclarecido”. Mas estes mesmos auxiliares reconhecem a gravidade da situação e a fragilidade em que se encontra o presidente da República.

Uma tese que circula nos corredores do palácio é que o afastamento do presidente Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que era hipótese completamente afastada, estava sendo considerada por alguns como “uma saída honrosa” para ele.

Quanto aos pedidos de impeachment que já foram apresentados na Câmara, a avaliação é de que Temer considera Rodrigo Maia, presidente da Casa, um dos seus principais aliados, com quem esteve reunido na quarta à noite, por quase três horas. Com isso, a expectativa do Planalto é que Maia não acolherá nenhum pedido de impeachment contra o presidente.

Nas conversas com os parlamentares, nesta quinta-feira, Temer, que aproveitará para reforçar o discurso de que o tom das informações divulgadas não correspondem à realidade e que o país, que começou a dar sinais de recuperação da economia, precisa seguir. Só que todos sabem que esta aparente normalidade, que se deseja dar, não existe e que o dia será crucial na definição de sua situação política.