O presidente Michel Temer afirmou desejar que “haja paz no País”. “Pode haver disputas eleitorais. No momento que se segue à eleição, todos têm que se unir em prol do País.” O discurso foi feito ontem para uma plateia formada por varejistas, no Simpósio Nacional de Varejo e Shopping, em Foz do Iguaçu (PR), quase simultaneamente ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São bernardo do Campo, no ABC.
Temer defendeu que é preciso transmitir otimismo à população e que todos precisam se unir após as eleições presidenciais deste ano. “Precisamos mudar a cultura do Brasil e falar bem do Brasil para aqueles que vão comprar. Minha palavra é exatamente esta, é transmitir otimismo ao comprador. Queremos que haja paz no País.”
Com seu governo avaliado em ótimo ou bom por apenas 5% da população, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI)/Ibope divulgada nesta semana, Temer disse que a popularidade pode levar a movimentos autoritários e que o País foi “tomado pelo pessimismo”.
“A popularidade, muitas vezes o que o povo quer, leva à crucificação de Cristo. A popularidade leva a movimentos autoritários que depois desprezamos. O País foi tomado nos últimos tempos de muito pessimismo, coisa que não é típica do brasileiro. Começou a haver divisão entre os brasileiros que não é útil para o País. Mania de falar mal do Brasil causa problemas para todos nós, no plano internacional”, disse.
Em razão disso, o presidente também reclamou da oposição ao seu governo, que, segundo ele, age apenas politicamente e não juridicamente. “Chegamos ao governo com uma oposição feroz e orgânica. A oposição tem uma organicidade extraordinária. Quando eu era vice-presidente, o governo (Dilma) viu a proposta do Ponte Para o Futuro como um gesto de oposição, quando na verdade era um gesto de colaboração. No Brasil, não temos conceito jurídico de oposição, só conceito político.”
Congresso. Mais uma vez, o emedebista citou também a relação de seu governo com o Congresso Nacional. Segundo ele, em sua gestão, o Poder Legislativo deixou de ser um “apêndice”. “Não é só governo que faz, governo faz começando por um diálogo com Congresso Nacional. Congresso deixou de ser uma apêndice do Executivo. Legislativo se tornou parceiro do Executivo. Isso é determinado pela Constituição. Somos autoridades exercentes do Poder. O poder não é nosso, é do povo”, disse.
Ao final, Temer disse que pode sugerir uma proposta de semipresidencialismo ao Congresso. “Eu exerci uma espécie de semipresidencialismo. Se puder, um dia, eu apresento um projeto de semipresidencialismo. Precisamos avançar para superar traumas institucionais que acontecem no presidencialismo”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.