A Assessoria de Imprensa do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), confirmou hoje que ele se mudou para um apartamento emprestado por Guilherme Paes, um dos sócios do banco BTG Pactual e irmão do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), após se separar da advogada Adriana Ancelmo. O divórcio do casal foi oficializado no dia 5. A informação de que Cabral havia se mudado para o apartamento do banqueiro, no Leblon, zona sul, foi publicada na tarde de ontem no blog do ex-governador fluminense e deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ), adversário político de Cabral.
O prédio fica na esquina da Avenida Delfim Moreira com a Rua Rainha Guilhermina, em um dos endereços mais valorizados da cidade. “O governador se separa, pede ao amigo e prefeito Eduardo Paes o apartamento do irmão para uso por uns dias. O Paes fala com o irmão – que tem zero negócios com o Estado”, informou a assessoria do governador.
O prefeito confirmou o relato. “Sou amigo do governador, que está se separando. Ele me fez um pedido. É uma situação pessoal. O apartamento pertence ao meu irmão, que mora em São Paulo. Quem pediu fui eu. E pediria quantas vezes fosse necessário. Não existe nenhum conflito de interesse”, disse Paes.
O governo informou que estava prevista para a noite de hoje a mudança de Cabral para o Palácio Laranjeiras, residência oficial de chefes do executivo fluminense. Do início do primeiro mandato, em 2007, até a separação, Cabral viveu em apartamento da família no Leblon. “O Palácio das Laranjeiras não tinha condições imediatas para morar, porque teve que resolver, antes, problemas elétricos, hidráulicos e de infiltrações”, acrescentou a assessoria do governador.
Crise
Cabral enfrenta a pior crise política de seus quatro anos e meio de governo, desde que se tornou pública, no mês passado, sua relação de amizade com os empresários Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, e Eike Batista, do grupo EBX. O governador usou um jato de Eike para ir à Bahia participar dos festejos de aniversário de Cavendish. Na ocasião, um helicóptero que servia a parentes do político e do empreiteiro caiu, provocando a morte de sete pessoas. Cavendish perdeu a mulher e o enteado. Mariana Noleto, namorada de Marco Antonio, filho do governador, também morreu.
A Delta recebeu mais de R$ 1 bilhão em contratos na gestão Cabral e o grupo EBX obteve R$ 79,2 milhões em benefícios fiscais no mesmo período. O caso provocou protestos da oposição na Assembleia Legislativa e está sendo investigado pelo Ministério Público.
Dezoito dias depois de ter viajado no avião de Eike para a festa de Cavendish, o governador assinou decreto que instituiu o Código de Conduta da Alta Administração Estadual. De acordo com o 10.º artigo do decreto 43.057, é vedado ao agente público, na relação com parte interessada não pertencente à administração pública direta e indireta, “receber presente, transporte, hospedagem, compensação ou quaisquer favores, assim como aceitar convites para almoços, jantares, festas e outros eventos sociais”. Procurada, a assessoria do Pactual informou que não vai comentar o assunto.
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