Com a condenação do presidente do PTB, Roberto Jefferson, no processo do mensalão, integrantes da cúpula do partido no Congresso articulam nos bastidores a convocação de uma nova eleição do diretório nacional assim que for concluído o julgamento no Supremo.
O assunto ainda é tratado sob sigilo dentro da legenda e, apesar da realização de reuniões “informais” na última quarta-feira, em Brasília, poucos admitem a manobra abertamente, principalmente em razão do estado de saúde de Jefferson.
O líder petebista se licenciou do cargo desde o início de outubro para tratamento de um câncer no pâncreas. A solução de colocar no comando do partido o vice-presidente Benito Gama não agradou boa parte do PTB no Congresso.
De passagem por Brasília nesta semana, Gama disse que vem acompanhando as movimentações dos adversários. “Há sim interesse localizado. Querem essa função”, disse à reportagem.
Segundo ele, a permanência no cargo, caso Jefferson não retorne ao comando do partido, vai até 2015, data definida na convenção do Diretório Nacional, realizada em julho.
“Não é consenso a permanência dele [Benito Gama]. O que é consenso é que seja um deputado ou senador. Se em seis meses o Roberto Jefferson não voltar, vamos examinar o estatuto do partido”, disse o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) sobre uma possível convocação de novas eleições internas.
Uma outra corrente do partido defende, no entanto, que se aguarde apenas o fim do julgamento do mensalão no Supremo para que Jefferson se posicione pela saída do comando da legenda.
“Como vai ser presidente se ele vai ser preso?”, disse um parlamentar que não quis se identificar. “Vamos esperar que ele se posicione após o julgamento. Se Roberto Jefferson quiser a manutenção de Benito, vamos convocar uma nova eleição”, acrescentou.
O vice-líder do partido na Câmara, Josué Bengtson (BA), também defende a antecipação da discussão da saída de Benito.
“As conversas estão em andamento. Ainda não batemos o martelo. Passado esse momento das eleições, com certeza vamos conversar. O Benito é só interino. Como o próprio Roberto Jefferson disse que dependendo do resultado do julgamento pediria a renúncia, vamos sentar para decidir o futuro do partido”, afirmou o deputado. “A tendência hoje da maioria é por uma nova eleição”, acrescentou o baiano.