Após 11 dias, Battisti encerra greve de fome

Obedecendo a script anunciado ontem, o ex-ativista italiano Cesare Battisti suspendeu na manhã de hoje a greve de fome iniciada há onze dias. A advogada Renata Saraiva, sócia do escritório encarregado da defesa do italiano, informou que soube da notícia por intermédio do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), amigo de Battisti e líder do grupo de parlamentares brasileiros contrário à extradição do ex-ativista de esquerda.

O italiano ganhou em 2008 refúgio político no Brasil, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou o decreto ilegal e deu a última palavra sobre o pedido de extradição ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que aguarda a publicação do Acórdão para decidir sobre o episódio.

O término da greve de fome de Battisti foi antecipado à imprensa no início da noite de ontem. Em entrevista à Agência Estado, o advogado Luiz Roberto Barroso, que também faz parte da defesa do italiano, informou que teve uma longa conversa com Battisti e o convenceu de que continuar a greve de fome agora seria um tiro no pé.

A estratégia do ex-ativista era comover a opinião pública e o presidente Lula, com o intuito de evitar a extradição. A greve de fome foi considerada pelos advogados do italiano como uma ação desesperada, o que poderia gerar efeito oposto ao pretendido. Desde ontem, a equipe médica da penitenciária da Papuda, onde Battisti está preso, estava de sobreaviso para prestar auxílio alimentar ao ex-ativista.

Na manhã de hoje, em evento na Secretaria estadual da Justiça, em São Paulo, o ministro da Justiça, Tarso Genro, responsável pela concessão do refúgio a Battisti, pediu para que o ex-ativista encerrasse a greve. De acordo com ele, a greve não colabora com o italiano, uma vez que a decisão do presidente Lula sobre a extradição não tem prazo para ser tomada.