A nova leva de mensagens gravadas nesta semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o programa eleitoral de candidatos do PT e do PC do B despertou a ira de partidos da base aliada do Planalto, que se sentiram preteridos. A grita maior, porém, partiu do PMDB: o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, chegou a reclamar com Lula, mas as queixas não surtiram efeito. O mal-estar começou quando o presidente descumpriu a promessa de não entrar na campanha nas cidades em que os aliados não estivessem unidos, no primeiro turno, e gravou depoimento para ser usado na propaganda de TV do candidato do PT em Feira de Santana (BA), Sérgio Carneiro.
Geddel ficou furioso, porque o PMDB tem candidato no município: o deputado federal Colbert Martins. “Eu apenas fiz um reparo e falei do perigo disso para a base aliada, no futuro”, afirmou o ministro. “Mas não fui pedir nada para o presidente. Quem sou eu para pedir para ele gravar ou não gravar?” A cúpula petista também queria que Lula aparecesse no programa do deputado Walter Pinheiro, candidato do PT à Prefeitura de Salvador, mas ele achou melhor evitar nova polêmica. Não sem motivo: a capital da Bahia é o típico exemplo de racha na seara governista. Pinheiro, do PT, vem crescendo na preferência do eleitorado, com o empurrão do governador da Bahia, Jaques Wagner, enquanto o prefeito João Henrique (PMDB), apoiado por Geddel, caiu. Hoje, quem lidera a disputa em Salvador é o deputado ACM Neto (DEM).
Depois de entrar com ação na Justiça contra João Henrique para impedir o uso da imagem de Lula por parte do PMDB, Pinheiro não deixou por menos: embora não tenha uma mensagem de apoio feita sob encomenda para ele, vai exibir em seu programa cenas do presidente andando ao seu lado na capital baiana. Na terça-feira o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, foi escalado para apagar o incêndio político. O telefone de seu gabinete, no quarto andar do Planalto, não parou de tocar quando candidatos descobriram que Lula – um cabo eleitoral disputadíssimo – gravara depoimentos para concorrentes do PT e do PC do B. “Por mim, o presidente não faria campanha para ninguém agora”, disse Múcio. “Depois das eleições, os perdedores vão chegar aqui enfurecidos e o ônus sempre recai sobre o governo.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.